quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

E as Rainhas do Carnaval foram as Aves!


O Carnaval é época de folia e ninguém leva a mal! E os desfiles escolares são exemplo disso mesmo, mas é muito gratificante quando algumas escolas tomam iniciativas que permitem sensibilizar, mesmo num ambiente de festa. Deixamos aqui alguns exemplos de escolas nos Açores que foram criativas com as aves como rainhas da festa e que parabenizamos pela sensibilização e promoção de aves emblemáticas da região, como o Cagarro Calonectris borealis (Madalena do Pico) e o Priolo Pyrrhula murina (Nordeste).


Na Madalena do Pico foi escolhida a temática da campanha SOS cagarro, com os cagarrinhos perfeitamente acomodados nas suas caixas à espera de serem libertados junto ao mar.

Turma da Madalena do Pico com o SOS Cagarro como tema de Carnaval
A EBS do Nordeste teve como mote principal do seu desfile de Carnaval o tema "Os desafios ecológicos" e a turma do 5ºB escolheu as espécies em perigo de extinção, tendo duas crianças escolhido o priolo, ave endémica desta zona da ilha de São Miguel

O priolo entre as espécies em perigo de extinção do mundo inteiro

Ainda, na ilha do Corvo, a SPEA apoiou o Jardim de Infância "Planeta Azul" no desfile de Carnaval como tem vindo a fazer desde 2013. Apesar de este ano não terem optado pelas aves como fantasia, optaram por utilizar materiais reutilizados e fizeram um Carnaval amigo do ambiente.

Técnica do Corvo a colaborar no Desfile de Carnaval escolar
Foto: Joana Patrício
Conhece outros exemplos no arquipélago?  Envie-nos a foto para incluirmos na noticia!

ALBATROZ: sensibilizar sobre a ameaça do lixo marinho sobre as aves marinhas

Desde 2010 a SPEA vem sensibilizando na ilha do Corvo sobre a preservação das aves marinhas e suas ameaças, com o Programa de Educação Ambiental a focar-se primordialmente na Literacia dos Oceanos, para compreender a influência do Oceano em nós e a nossa influência nos Oceanos (Ocean Literacy, 2013). Em 2020 continuamos a promover essa sensibilização assente nas bases já transmitidas aos cerca de 60 alunos na ilha do Corvo e também em São Miguel no âmbito do projeto OceanLit, 2019-2022 (projeto que pretende conhecer, gerir os resíduos/mitigar e sensibilizar sobre a problemática do lixo marinho na Macaronésia e que terá o seu lançamento oficial em Março) coordenado pelo Centro Tecnológico de Ciências Marinhas (Canárias), e tendo como parceiros nos Açores entidades como a Direção Regional para os Assuntos do Mar, e a Direção Regional das Pescas e a SPEA, no nosso caso no pilar da sensibilização. As aves marinhas são as espécies de aves mais ameaçadas do mundo, e tem como uma das principais ameaças o lixo marinho, maioritariamente, plástico. Até 2050, a previsão é de que 99% das aves marinhas irão ingerir plástico (Wilcox et al., 2015), tendo esta ameaça sido identificada como uma das principais na região da Macaronésia (MSII Consortium, 2018) e em alguns casos com a presença de plástico já identificada em 93% dos juvenis de cagarro Calonectris borealis nos Açores (Rodrígues et al., 2016), 83% nas Canárias (Rodríguez et al., 2012) e também em 46% dos espécimes de calcamar Pelagodroma hypoleuca marina na Madeira (Catry et al., 2010).

E para uma maior compreensão desta ameaça nada melhor do que o visionamento de um documentário que retrata este problema na perfeição, ALBATROZ é um documentário que mostra a realidade do Atol de Midway onde nidifica o Albatroz de Laysan Phoebastria immutabilis e onde em vez de peixe...a refeição principal é plástico! A ingestão de plástico pode danificar ou bloquear o seu trato digestivo, reduzir o volume do estômago e acumular ou absorver químicos presentes nos plásticos à derivam passando para a água (Tanaka et al., 2015; Provencher et al., 2018), que terão efeitos diretos e indiretos sobre as populações de aves marinhas.


Aluno do Jardim de Infância "Planeta Azul" a identificar o plástico ingerido
Foto: T.Pipa



Sessão de sensibilização no Jardim de Infância "Planeta Azul"
Foto: T.Pipa

Cria de Albatroz-de-laysan morto após ingestão de plástico
Foto: T.Pipa

Além da sensibilização e chamada de atenção para a problemática do lixo marinho, em particular do plástico sobre as aves marinhas foi ainda pedido aos alunos que identificassem os produtos de que provinha o plástico ingerido, nomeadamente, isqueiros, tampas de garrafas, escovas de dentes foram alguns dos exemplos identificados nas imagens, de modo, a que os alunos percebam o nosso impacto e como podem alterar comportamentos para reduzir o consumo de plástico descartável em particular.

Muito Obrigada e viagem através dos olhos desta magnífica ave que infelizmente está a ter a sua produtividade afetada por esta ameaça:


Novo projeto para continuar a proteger a natureza açoriana

Foi assinado no dia 17 de fevereiro o protocolo entre o Governo dos Açores e a SPEA para o projeto LIFE IP Azores Natura. Como parceiros neste projeto coordenado pela Direção Regional do Ambiente, vamos poder continuar a recuperar o habitat do priolo e a proteger as aves marinhas dos Açores ao longo dos próximos 8 anos.



Neste projeto, vamos restaurar 120 hectares de habitats prioritários para a conservação da natureza: floresta laurissilva, matos macaronésicos e turfeiras. Para tal, vamos implementar técnicas de engenharia biofísica, remover espécies exóticas invasoras e repor a flora original destes locais: ao longo do projeto vamos produzir 240.000 plantas de 25 espécies nativas. Assim daremos continuidade ao trabalho que fazemos há 17 anos na Zona de Proteção Especial do Pico da Vara/ Ribeira do Guilherme e no Sítio de Importância Comunitária da Serra da Tronqueira/ Planalto dos Graminhais. No Pico da Vara, vamos ainda requalificar 3,5km do trilho, para mitigar o impacto dos visitantes nesta zona de proteção.



O LIFE IP Azores Natura vai também permitir-nos continuar a proteger as aves marinhas dos Açores, implementando e dando apoio técnico às ações de conservação nos ilhéus da Praia e de Baixo, na Graciosa, no ilhéu do Topo em São Jorge e no ilhéu da Vila em Santa Maria. Nestes ilhéus iremos construir 150 ninhos artificiais para aves marinhas, monitorizar as colónias de aves marinhas, e ajudar no controlo e erradicação de espécies de flora e fauna exóticas e invasoras.

Ao longo do projeto vamos ainda partilhar o nosso conhecimento e experiência, contribuindo para aumentar a capacidade da Região para a proteger a biodiversidade e restaurar habitats importantes.



Para além das ações no âmbito deste projeto cofinanciado pelo programa LIFE da Comissão Europeia, iremos continuar a trabalhar na divulgação e educação ambiental nas Terras do Priolo e nos Açores, com os nossos próprios meios e procurando fontes de financiamento complementares.

Saiba mais sobre o nosso trabalho nas Terras do Priolo:
> Muito mais do que salvar uma ave

VEJA O VIDEO DO PROJETO

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Áreas Marinhas Protegidas nos Açores: para um Oceano mais saudável para a Biodiversidade e para os Açorianos


O Governo dos Açores iniciou o processo de restruturação das Áreas Marinhas Protegidas (AMPs) no dia 31 de janeiro, seguindo o memorando assinado em 2019 pelo Governo dos Açores, a Fundação Oceano Azul e a Fundação Waitt com o objectivo de até 2022 ter 15% da Zona Económica Exclusiva dos Açores classificada como AMP. Na reunião estiveram presentes várias partes interessadas na matéria, desde, o setor das pescas, das marítimo-turísticas, universidade dos Açores e organizações não-governamentais, nas quais a SPEA se enquadra. O processo que agora se iniciou passa por conciliar os interesses dos setores com competências na matéria, de modo, a preservar o meio marinho e sua biodiversidade mas a garantir o desenvolvimento sustentado permitindo o uso equilibrado do mar dos Açores pelo Homem e espécies que o caracterizam.

O primeiro workshop técnico organizado pela Direção Regional dos Assuntos do Mar no âmbito do LIFE IP Azores Natura (LIFE17 IPE/PT/000010) realizou-se de 3 a 5 de fevereiro na Horta com várias partes interessadas e entidades competentes, numa formação em técnicas de envolvimento de partes interessadas- Abordagem de Ganhos Mútuos (MGA) ministrado pelos especialistas Paul Manders e
Femke Vergeest, de modo, a promover e facilitar o processo de reestruturação.

 Esta formação na qual estivemos presentes assenta em 5 conceitos base (focar em interesses, não em posições; criar valor; conhecer a melhor alternativa para negociar um acordo; desenvolver relações de confiança e partilhar informação e experiências) e em 5 passos (preparação; criação de valor; distribuição de valor; elaborar um acordo e implementa-lo). De uma forma geral, esta formação permitiu aos presentes desenvolver competências de negociação com base num processo estruturado e com ganhos mútuos através da capacitação para uma melhor comunicação e partilha de experiências que garantam a facilitação do processo de restruturação das Áreas Marinhas Protegidas dos Açores.


Participantes no Workshop em técnicas de envolvimento de partes interessadas- Abordagem de Ganhos Mútuos (MGA)
Para isso, será criado um grupo de trabalho representativo com entidades com competências e interesses na área, e que tem a responsabilidade de garantir um Oceano mais sustentável nos Açores, respondendo às obrigações da região no que concerne à Rede Natura 2000 (Diretiva Habitats e Diretiva Aves), à DQEM (Diretiva Quadro Estratégia Marinha) e aos objetivos da Convenção para a Diversidade Biológica e objetivo 14 da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável (Nações Unidas) mas principalmente para a Biodiversidade e para os Açorianos.

"São Miguel feito num oito" passa pelas Terras do Priolo

Joana Amén e Diogo Tavares estão a percorrer a ilha de São Miguel de bicicleta com o intuito de despertar a sensibilidade para outras formas de mobilidade e turismo, nomeadamente a bicicleta.


A sua rota passou pelas Terras do Priolo, onde ficaram a conhecer o trabalho desenvolvido pela SPEA e parceiros para a conservação do Priolo e para a recuperação da floresta nativa. Joana e Diogo ficaram encantados com todo o trabalho realizado, mas também com a deslumbrante paisagem que marca quem atravessa com calma a estrada da Tronqueira e outros caminhos rurais das Terras do Priolo.


Para além dos passeios pelas Terras do Priolo, estes dois aventureiros, em parceria com a DRRF, puderam contribuir para reflorestação de uma área na freguesia de Achada que tinha sido recentemente cortada.



A SPEA agradece-lhes o interesse demonstrado no trabalho realizado para a conservação do Priolo e deseja-lhes a continuação de bons passeios.