No passado mês de junho foram instalados 12 dispositivos de afastamento de gatos por ultrassons nas colónias de cagarro Calonectris borealis monitorizadas desde 2009 na ilha do Corvo, nomeadamente no Pão-de-Açucar e na Reserva Biológica do Corvo, com um total 30-40 ninhos na área teste e tendo como controlo a colónia da Fonte Velha e do Miradouro.
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Cagarro em incubação no ninho 86 na colónia do Pão-de-açucar alvo da ação de mitigação. Foto: Tânia Pipa |
Este teste tem como objetivo validar a metodologia previamente testada nos ninhos ocupados por cagarro na Reserva Biológica do Corvo que nos últimos dois anos tem tido um sucesso reprodutor (SR) sem o impacto desta ameaça, que contribui para 84% da predação das crias de cagarro na ilha (Hervías et al. 2013) e para o baixo sucesso reprodutor dos 131 ninhos monitorizados (SR 2014-2024 51%).
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Cria predada por gato em 2024 no ninho 122. Foto: Tânia Pipa |
Esta iniciativa contou com o apoio do Município do Corvo que adquiriu estes dispositivos para que possamos validar esta metodologia como ação de mitigação do impacto dos predadores introduzidos, os gatos em particular.
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Dispositivo de afastamento de gatos por ultrassons instalado na colónia do Pão-de-Açucar. Foto: Tânia Pipa |
A longo-prazo resolver o impacto desta ameaça na ilha só faz sentido com a integração de todas as entidades interessadas e um projeto exclusivamente direcionado para a mitigação dos predadores introduzidos. Pelo que esta ação é um primeiro passo para criar zonas sem o impacto dos gatos e pode inclusive ser muito útil para áreas restritas. No final da época de nidificação partilharemos convosco os resultados desta iniciativa para mitigar o impacto da ameaça mais importante que as aves marinhas tem em terra.