Pelo quinto ano consecutivo, a ilha do Corvo realiza, de 27 a 31 de outubro a partir das 21h e de 1 a 9 de novembro a partir das 00h, um apagão geral da iluminação pública para salvar Cagarros (Calonectris borealis). Esta é uma iniciativa da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e da Câmara Municipal do Corvo, e este ano conta ainda com um grupo de ação que prestará apoio à implementação da Campanha SOS Cagarro na ilha de 23 de outubro a 9 de novembro.
Foto: Andreia Amaral
Para além do Corvo fazer um apagão geral das suas luminárias, são muitas as entidades e municípios por todo o arquipélago dos Açores que se associam à Campanha SOS Cagarro e reduzem a sua iluminação em zonas críticas para o cagarro. Na Ilha de São Miguel, várias localidades realizam apagões parciais, nomeadamente Vila Franca do Campo, Vila da Povoação, Faial da Terra e pela primeira vez, Vila do Nordeste. Também entidades como a Lotaçor e a EDA juntam os seus esforços para contribuir para tornar as noites mais seguras para os cagarros.
Foto: Tânia Pipa
Esta medida, levada a cabo durante o período crítico de emancipação dos juvenis de cagarro, pretende minimizar o impacto da poluição luminosa nos primeiros voos destas aves, e aumentar o conhecimento disponível sobre o impacto desta ameaça nos juvenis de cagarro ao abandonar o ninho e nos primeiros dias da sua vida, período sobre o qual há pouca informação.
Foto: Tânia Pipa
Ao abandonar o ninho, em outubro-novembro, os juvenis de cagarro são atraídos pelas luzes das nossas vilas e cidades, ficando desorientados e acabando por cair por terra, podendo ser predados por cães e gatos, sofrer colisões e ferimentos ou mesmo desidratação e até correr o risco de atropelamento. Fatores estes que podem pôr em risco e diminuir a sua probabilidade de atingirem a idade adulta, não só nos Açores, mas também na Madeira e nas Canárias.
“Para além dos apagões e brigadas de resgate já habituais, nos Açores têm vindo a ser instalados os chamados “hotéis de cagarros”, onde se podem encontrar caixas vazias para resgatar um cagarro ou deixar uma caixa com o cagarro resgatado. Mas convém não esquecer de enviar mensagem ao responsável pelo “hotel” com informação sobre o resgate. Estes hotéis de apoio às brigadas podem ser encontrados em várias ilhas do arquipélago incluindo Corvo, Graciosa, Faial, e em São Miguel. Para além destes, estamos a fazer um esforço para capacitar os jovens para que possam realizar brigadas e libertações adequadamente no âmbito do projeto Educar para Conservar financiado pelo Fundo Ambiental. Queremos jovens mais ativos na conservação da Natureza “, informa Azucena de la Cruz, coordenadora da SPEA Açores.
Foto: Tânia Pipa
No caso do Corvo, estas ações estão integradas no Laboratório de Poluição Luminosa instalado naquela ilha e em diversas ações do projeto LIFE Natura@night e são um exemplo a nível mundial, pois minimizam o impacto desta ameaça e aumentam o conhecimento contribuindo para a implementação da Estratégia Macaronésica para a mitigação de uma das ameaças prioritárias para as aves marinhas na Região.
Ainda no Corvo, este ano a campanha irá ainda contar com a colaboração ativa de 14 voluntários (além das crianças e jovens corvinos), que irão apoiar ativamente o Parque Natural da ilha e a SPEA na implementação da Campanha SOS Cagarro e na monitorização do apagão geral.
Foto: Tânia Pipa
A Campanha SOS Cagarro é coordenada pela Direção Regional das Políticas Marítimas e apoiada pela SPEA, através dos vários projetos de conservação de aves marinhas a decorrer nos Açores, nomeadamente, LIFE Natura@night, LIFE IP Azores Natura e Fundo Ambiental.
“Salve um Cagarro. Faça um Amigo!”