No dia 2 de fevereiro celebrou-se o Dia Mundial das Zonas Húmidas, uma data assinalada desde o ano de 1971, quando foi assinada a Convenção sobre Zonas Húmidas de Importância Internacional, especialmente como habitat de aves aquáticas.
Para as populações humanas, as Zonas Húmidas proporcionam uma série de serviços como o abastecimento e regulação de cursos de água, garantindo o abastecimento das cidades e evitando eventos indesejáveis como cheias e inundações. As Zonas Húmidas também contribuem para a mitigação das alterações climáticas ao retirar e armazenar o dióxido de carbono da atmosfera.Nos Açores, as Zonas Húmidas têm sido objeto de ações de restauro ecológico no âmbito de diferentes projetos de conservação da natureza, no caso da SPEA, através do projeto LIFE IP Azores Natura e do Spongeboost. Através destes dois projetos, a SPEA está a desenvolver trabalhos de recuperação de duas bacias hídricas, nomeadamente a cabeceira da bacia da Ribeira da Achada, no Planalto dos Graminhais, e a bacia da Ribeira da Lomba Grande, na Mata dos Bispos (Município da Povoação).
No Planalto dos Graminhais, a área de intervenção compreende uma área de quatro hectares caracterizada pela turfeira, uma vegetação formada por espécies de plantas herbáceas e musgos com grande poder de retenção de água. A turfeira é fundamental para garantir o armazenamento e o abastecimento de água para a população que vive na Achada e nas localidades adjacentes. O restauro ecológico destas duas Zonas Húmidas é feito a partir do controlo da vegetação invasora, da plantação de espécies nativas e da aplicação de soluções baseadas na natureza (SbN). Através das SbN, estão a ser realizadas a consolidação das margens de linhas de água e a promoção da capacidade da retenção de água destes ecossistemas.
A recuperação destas duas Zonas Húmidas, localizadas dentro dos limites da Zona de Proteção Especial do Pico da Vara/Ribeira do Guilherme e da Zona Especial de Conservação da Serra da Tronqueira e Planalto dos Graminhais, tem impacto direto na melhoria do habitat do Priolo, contribuindo significativamente para a sua conservação.
Os resultados dos trabalhos implementados estão a ser acompanhados por um sistema de monitorizações para avaliar a evolução da sua recuperação ecológica, permitindo aprimorar o plano inicialmente proposto, caso necessário, e para documentar as alterações realizadas. A experiência obtida com estas intervenções será útil para o planeamento de outras ações semelhantes no futuro, seja nestes mesmos locais ou em outras Zonas Húmidas no arquipélago dos Açores.