quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Projeto Arenaria 2024/2025

O Projeto Arenaria existe desde 2009 e tem como principais objetivos: estimar o tamanho populacional das aves, particularmente as limícolas, que utilizam as costas portuguesas durante o período de inverno; documentar as tendências populacionais das aves limícolas invernantes e, sensibilizar o público para a conservação dos ecossistemas marinhos e costeiras. 

Neste censo a participação de voluntários é essencial para cobrir o máximo de zonas costeiras possível, para, assim, aferir melhor a população de aves invernantes que utilizam esses ecossistemas para invernar. Este censo terá início no dia 1 de dezembro de 2024 e terminará no dia 31 de janeiro de 2025. 

Foto: Alba Villaroya

Poderá consultar todas as informações necessárias através do seguinte LINK

A SPEA Açores arranca 2025 com uma atividade de contagem de aves costeiras. 

No dia 4 de janeiro, pelas 10:30, será realizado um percurso para contagem de limícolas na zona costeira de Vila Franca do Campo, na ilha de São Miguel. O ponto de encontro será o bar da marina, pelas 10:15, sendo necessário binóculos, roupa confortável e adequada às condições meteorológicas.

Voluntarie-se e ajude-nos a recolher mais dados acerca destas aves.


Nova época de sementeiras nos viveiros do Projeto LIFE IP

As sementeiras de plantas nativas dos Açores são o meio mais eficaz de produzir plantas para o viveiro. Nesta nova época de sementeiras demos início a este processo com 70 caixas de sementeiras, principalmente com Azevinho (Ilex azorica), Folhado (Viburnum treleasei), Ginja-do-mato (Prunus azorica), Queiró (Calluna Vulgaris), e em menor quantidade de Faia-da-terra (Morella faia) e Urze (Erica azorica). 




Este ano a quantidade de sementes recolhidas foi menor, e no caso do Louro (Laurus azorica) e do Pau-branco (Picconia azorica) não houve sequer recolha de sementes porque caiam das árvores sem estarem maduras. No entanto, todas as plantas produzidas serão repicadas para que possamos superar a produção anual em viveiro de 30000 plantas anuais.

Outra das tarefas que se tem efetuado para ajudar na germinação de sementes, de por exemplo de Cedro-do-mato (Juniperus brevifolia), já que em 2024 recolheram-se apenas 12 gramas de sementes desta espécie, tem sido recolher uma camada superficial do solo de diferentes indivíduos de cedros, onde o mesmo se encontra cheio de sementes. 

Esta é a primeira vez que se faz este tipo de procedimento no nosso viveiro, tendo sido recolhido cerca de 60 kg de solo para colocação dentro de uma mesa no viveiro. Esperamos que este processo traga bastantes germinações desta espécie que é tão importante no habitat da Floresta Laurissilva e no entanto tão difícil de produzir.

Os viveiros de plantas nativas do Açores são essenciais para os trabalhos de recuperação da Floresta Laurissilva e preservação do priolo.


Fotos: Diego Garcia

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

A SPEA marcou presença, pela primeira vez, no Azores Birdwatching Arts Festival

O Azores Birdwatching Festival decorreu entre 16 e 24 de novembro com um programa repleto de atividades, incentivando a observação de aves através de visitas de campo e eventos culturais artísticos, com organização da MiratecArts e parceria do Município das Lajes do Pico. 


Contou com atividades em 3 ilhas dos Açores Faial, São Miguel e Pico e incluiu programação para a comunidade escolar e população em geral, tornando-se um evento único para a atividade de aves e educação ambiental nos Açores. 

A SPEA participou neste festival, entre os dias 21 e 23 de novembro, com atividades para comunidade escolar das Lajes do Pico, focando problemas e ameaças para as aves, como o lixo marinho e a poluição luminosa, e apresentando o Priolo aos mais jovens com o Conto do Jaime, uma aventura contada que faz parte do programa escolar do Centro Ambiental do Priolo.  




Para o público em geral, o tema escolhido para a participação da SPEA foi a poluição luminosa com a exibição da Exposição "Uma Noite com Vida", e a apresentação do projeto LIFE Natura@night a decorrer nos Açores, Madeira e Canárias no momento. 




Este festival foi ainda escolhido para a entrega dos prémios da Azores BirdRace na qual participaram diversas equipas do Pico e que contou com o apoio do Municipio das Lajes do Pico.



A SPEA agradece o convite +para participar neste evento  e dá os parabéns à organização do evento.



sexta-feira, 15 de novembro de 2024

200 voluntários ajudaram a SPEA a salvar cerca de 900 cagarros

Como vem sendo habitual, a SPEA apoiou a Campanha SOS Cagarro, que é coordenada pela Direção Regional de Políticas Marítimas do Governo dos Açores, realizando brigadas de salvamento de cagarros juvenis acidentados na ilha do Corvo, Vila Franca do Campo, Nordeste, Povoação e Faial da Terra. No total foram recolhidas cerca de 900 aves com a ajuda de cerca de 200 voluntários.



Na ilha do Corvo foram organizadas brigadas em colaboração com o Parque Natural da ilha do Corvo, contando com 14 capitães de brigada e 15 voluntários regulares, entre as crianças da ilha, que recolheram 260 aves. Em Vila Franca do Campo participaram 82 voluntários que ajudaram a recolher 488 aves, sendo que algumas delas foram trazidas de outros locais, nomeadamente Água d’Alto e Lagoa. A instalação de hotéis de cagarro por parte da Câmara Municipal de Vila Franca do Campo, pelo segundo ano consecutivo, ajudou em muito ao resgate e ao envolvimento de cidadãos anónimos que também colaboraram nos resgates. 



Na Povoação e Faial da Terra foram salvas cerca de 50 aves em cada local, também com ajuda de hotéis instalados pela Câmara Municipal da Povoação. Finalmente, no Nordeste, entre a SPEA e a PSP de Nordeste, foram recolhidas e libertadas 35 aves.

Libertação com EB/JI Escola Básica JI Monsenhor João Maurício Amaral Ferreira

Libertação em alto mar com o Clube Naval da Povoação

Como novidade, este ano, no âmbito do projeto Educar para a Biodiversidade financiado pelo Fundo Ambiental e da Estratégia Nacional de Educação Ambiental foram realizadas formações para grupos de jovens que também realizaram brigadas em outros locais, nomeadamente a Pedreira no Nordeste, Maia e Livramento.

Brigadas na Pedreira

Brigadas no Livramento

Ainda em Vila Franca do Campo, foi testada a realização de um protocolo de triagem e primeiros socorros nas aves recolhidas de modo a avaliar melhor o que poderá ser feito para melhorar o bem-estar destas aves acidentadas e melhorar o seu prognóstico e possibilidades de libertação.

A SPEA agradece a todos os voluntários que contribuíram para esta campanha, assim como às Câmaras Municipais do Corvo, Vila Franca do Campo, Povoação e Nordeste, ao Parque Natural de Ilha do Corvo, ao Parque Natural de Ilha de São Miguel e à Lotaçor pelo apoio nas campanhas e pela redução de iluminação pública que contribui para a redução das quedas destas aves. Agradecemos ainda ao Clube Naval de Vila Franca do Campo pela cedência do espaço, à empresa Terra Azul pelo apoio durante toda a campanha, especialmente no início e no fim, assegurando brigadas diárias na zona da marina e porto de pescas e ao Solar Branco Ecoresort.


Fotos: Tânia Pipa, Catarina Sousa, Ana Mendonça, Andreia Amaral e Azucena de la Cruz

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Açores apagam as luzes para salvar cagarros

Pelo quinto ano consecutivo, a ilha do Corvo realiza, de 27 a 31 de outubro a partir das 21h e de 1 a 9 de novembro a partir das 00h, um apagão geral da iluminação pública para salvar Cagarros (Calonectris borealis). Esta é uma iniciativa da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e da Câmara Municipal do Corvo, e este ano conta ainda com um grupo de ação que prestará apoio à implementação da Campanha SOS Cagarro na ilha de 23 de outubro a 9 de novembro. 

Foto: Andreia Amaral

Para além do Corvo fazer um apagão geral das suas luminárias, são muitas as entidades e municípios por todo o arquipélago dos Açores que se associam à Campanha SOS Cagarro e reduzem a sua iluminação em zonas críticas para o cagarro. Na Ilha de São Miguel, várias localidades realizam apagões parciais, nomeadamente Vila Franca do Campo, Vila da Povoação, Faial da Terra e pela primeira vez, Vila do Nordeste. Também entidades como a Lotaçor e a EDA juntam os seus esforços para contribuir para tornar as noites mais seguras para os cagarros. 

Foto: Tânia Pipa

Esta medida, levada a cabo durante o período crítico de emancipação dos juvenis de cagarro, pretende minimizar o impacto da poluição luminosa nos primeiros voos destas aves, e aumentar o conhecimento disponível sobre o impacto desta ameaça nos juvenis de cagarro ao abandonar o ninho e nos primeiros dias da sua vida, período sobre o qual há pouca informação. 

Foto: Tânia Pipa

Ao abandonar o ninho, em outubro-novembro, os juvenis de cagarro são atraídos pelas luzes das nossas vilas e cidades, ficando desorientados e acabando por cair por terra, podendo ser predados por cães e gatos, sofrer colisões e ferimentos ou mesmo desidratação e até correr o risco de atropelamento. Fatores estes que podem pôr em risco e diminuir a sua probabilidade de atingirem a idade adulta, não só nos Açores, mas também na Madeira e nas Canárias.  

“Para além dos apagões e brigadas de resgate já habituais, nos Açores têm vindo a ser instalados os chamados “hotéis de cagarros”, onde se podem encontrar caixas vazias para resgatar um cagarro ou deixar uma caixa com o cagarro resgatado. Mas convém não esquecer de enviar mensagem ao responsável pelo “hotel” com informação sobre o resgate. Estes hotéis de apoio às brigadas podem ser encontrados em várias ilhas do arquipélago incluindo Corvo, Graciosa, Faial, e em São Miguel.  Para além destes, estamos a fazer um esforço para capacitar os jovens para que possam realizar brigadas e libertações adequadamente no âmbito do projeto Educar para Conservar financiado pelo Fundo Ambiental. Queremos jovens mais ativos na conservação da Natureza “, informa Azucena de la Cruz, coordenadora da SPEA Açores.  

Foto: Tânia Pipa

No caso do Corvo, estas ações estão integradas no Laboratório de Poluição Luminosa instalado naquela ilha e em diversas ações do projeto LIFE Natura@night e são um exemplo a nível mundial, pois minimizam o impacto desta ameaça e aumentam o conhecimento contribuindo para a implementação da Estratégia Macaronésica para a mitigação de uma das ameaças prioritárias para as aves marinhas na Região.  

Ainda no Corvo, este ano a campanha irá ainda contar com a colaboração ativa de 14 voluntários (além das crianças e jovens corvinos), que irão apoiar ativamente o Parque Natural da ilha e a SPEA na implementação da Campanha SOS Cagarro e na monitorização do apagão geral. 

Foto: Tânia Pipa

A Campanha SOS Cagarro é coordenada pela Direção Regional das Políticas Marítimas e apoiada pela SPEA, através dos vários projetos de conservação de aves marinhas a decorrer nos Açores, nomeadamente, LIFE Natura@night, LIFE IP Azores Natura e Fundo Ambiental. 

“Salve um Cagarro. Faça um Amigo!”

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

SPEA participa na formação em Primeiros Socorros para Aves Marinhas

Nos passados dias 14 e 15 de outubro decorreu, em Ponta Delgada, uma ação de formação de primeiros socorros e reabilitação de aves marinhas organizada pela Direção Regional de Políticas Marinhas, no âmbito do projeto Life IP Azores Natura, com o apoio da Universidade dos Açores e da Associação Aldeia.


Fotos: SPEA

Esta ação de formação contou com 2 técnicos do Centro de Recuperação de Animais Selvagens da Ria Formosa (RIAS), o médico veterinário Paulo Martins e a Bióloga Soraia Guerra, que apresentaram o trabalho do RIAS e abordaram temas como captura, contenção, transporte, exame físico, diagnóstico, estabilização e primeiros socorros em aves marinhas. Decorreu também uma componente prática para a técnica de contenção e maneio, realização de ligaduras e administração de medicação, tendo os participantes a oportunidade de treinar estes procedimentos em cadáveres. 


A formação contou também com a participação da bióloga Miriam Cuesta Garcia, da Direção Regional de Políticas Marinhas, que se focou na revisão sobre a ecologia do cagarro e de outras aves marinhas dos Açores, e ainda da médica veterinária Catarina Sousa, técnica da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, que apresentou uma proposta de atuação de triagem para aves marinhas acidentadas para a Região Autónoma dos Açores.

As próximas ações de formação irão decorrer nas Flores (17 e 18 de outubro) e no Faial (21 e 22 de outubro) e estão especialmente direcionadas a vigilantes da natureza, médicos veterinários, biólogos, técnicos de conservação ambiental e também a alunos universitários.

O objetivo desta ação de formação, a decorrer nos 3 grupos do arquipélago dos Açores, assenta, para além na formação dos técnicos, na criação de uma atuação em rede no arquipélago perante aves marinhas acidentadas, ou qualquer outro grupo de aves ou animal protegido na Região. Para isso, decorrerão também nos dias 24 a 27 de outubro, debates online dos casos presenciados pelos técnicos na campanha SOS Cagarro em todas as ilhas do arquipélago, moderados pelos membros da equipa do RIAS, para a discussão de diversos problemas e situações que decorram durante a campanha, e para a partilha experiências e conhecimentos de modo a melhorar a resposta às aves selvagens feridas na Região.

Fotos: RIAS

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Porque caem os cagarros?

Todos os anos, nos meses de outubro e novembro, assistimos a quedas de cagarros que ficam desorientados e acabam por cair e ficar vulneráveis a vários perigos em terra. Mas por que motivo são os cagarros afetados desta forma?

Foto: Beatriz Martins

Os cagarros fazem parte do grupo dos Procellariformes, aves marinhas pelágicas que passam a maior parte da sua vida em alto mar, cruzando os oceanos em busca de alimento e apenas regressando a terra para nidificar. São grandes navegadores que usam o mapa celeste para se orientar nas suas movimentações. No geral, estas aves têm hábitos noturnos quando estão em terra e estão perfeitamente adaptadas a essa realidade. Um bom exemplo disto são os seus olhos, especialmente sensíveis à luz, principalmente a luzes com tonalidades brancas no espectro do azul como é o caso das lâmpadas acima dos 2200 Kelvins. 

Com o evoluir da tecnologia e aumento dos centros urbanos, estas aves têm de lidar cada vez mais com a intensificação da poluição luminosa gerada pelo aumento progressivo da iluminação artificial que se foca mais na eficiência energética sem ter em atenção ao impacto destas alterações na biodiversidade noturna, que encontramos nas nossas vilas e cidades. Isto é muito notório no caso dos juvenis de cagarro.

Foto: Beatriz Martins

Entre 15 de outubro e 15 de novembro, os juvenis de cagarro saem dos ninhos, tentam os seus primeiros voos e começam as suas primeiras tentativas de migração. Normalmente, dirigem-se para zonas mais quentes mais a sul, procurando juntar-se aos seus progenitores que, entretanto, já iniciaram esta grande viagem. Tratando–se de aves inexperientes, são mais, facilmente, atraídas pelo excesso de iluminação artificial das nossas vilas e cidades e ficam desorientadas podendo sofrer colisões e ferimentos, bem como ficar mais suscetíveis a atropelamentos, predadores, desidratação, subnutrição, exaustão. Por este motivo, precisam da nossa ajuda ! 

Em 2024, seja voluntário e contribua para salvar os cagarros, saiba como em https://www.centropriolo.com/soscagarro

Foto: Beatriz Martins