quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Resultado da BirdRace já disponível...

A BirdRace Azores 2016, resultante de uma parceria entre a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) com o Website Aves dos Açores , teve como objetivo promover a observação de aves no arquipélago, aumentar os registos de aves observadas nos Açores e aumentar o conhecimento e valorização da avifauna nos Açores. Em 2016, a BirdRace contou com o apoio da CanalFM e da AtlanticoLine.

Este ano, esta iniciativa contou com a participação de 7 equipas com um total de 20 pessoas de várias ilhas dos Açores, nomeadamente São Miguel, Terceira, Flores, Graciosa e Faial. Tendo sido observadas 55 espécies de aves no total pelos participantes.


A organização deste evento agradece a participação de todos e dá os parabéns à equipa vencedora que observou 51 espécies de aves na Ilha Terceira.


Muitos parabéns à Equipa Ladybirds & LB!



Fica já o convite para participarem na próxima edição ! Até para o ano e até lá... Boas Observações!!!!




Nota: A Listagem de espécies observadas será disponibilizada no website

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Viagens de Cagarro

Em plena Campanha SOS Cagarro o tema da educação ambiental (1º e 2º ciclo da EBSMS e Jardim de Infância Planeta Azul) em Outubro tinha que ser sobre Cagarros Calonectris borealis desta vez o mote foi responder à pergunta, afinal para onde vão estes juvenis quando abandonam o ninho? E foi assim, que seguimos a migração destes até água brasileiras e sul-africanas, passando pela corrente das Canárias, do Brasil e no regresso pela corrente de Benguela...além de "acompanhar-mos" esta viagem os alunos puderam ainda pôr à prova os conhecimentos de geografia, através de uma gincana.

Além desta aula teórica, houve ainda tempo para visitar o ninho do Penas (secundário da EBSMS), a cria da Lua-de-mel no Corvo e registar as suas medidas biométricas, de modo, a tentarmos adivinhar a data da sua partida e também sensibilizar os alunos para a Campanha, em parceria com o Parque Natural.



SOS Cagarro 2016 do Corvo ao Nordeste e Povoação


Desde 2009 que a SPEA Açores tem vindo a colaborar ativamente com o Parque Natural do Corvo e em São Miguel apoiando diversas entidades envolvidas na Campanha SOS Cagarro. Esta Campanha tem como propósito alertar a população açoriana para a necessidade de preservação do Cagarro Calonectris borealis, uma espécie protegida que nidifica nos Açores.

Este ano não foi excepção e a SPEA no Corvo continuou a colaborar nas ações de sensibilização para a população escolar, população e no tratamento de juvenis acidentados no Centro de Recuperação de Aves Selvagens, no registo dos dados biométricos e na marcação com anilhas dos juvenis salvos durante as brigadas nocturnas diárias que se iniciaram a partir da queda do primeiro indivíduo no dia 19 de Outubro até ao dia 7 de Novembro. Tendo o último sido salvo no dia 21 de Novembro.


No total foram 1022 os cagarros salvos (em toda a região foram salvos 6167) tendo sido anilhados 778 juvenis (de lembrar que nos Açores foram anilhados cerca de 1300), infelizmente no Corvo não houve anilhas suficientes para todos, desde já um agradecimento ao Pedro Geraldes, Parque Natural do Faial, Verónica Neves-DOP que nos cederam anilhas.

Além da marcação, foram ainda registadas as medidas biométricas, nomeadamente da asa, tarso, peso, cúlmen e gonys, foi ainda identificado o género nos indivíduos que vocalizaram, é assim que podemos distinguir macho de fêmea, com esta última a ter uma voz mais grave. Os dados registados permitem-nos assim verificar a sobrevivência destas aves se capturadas, assim como, a sua idade, além de que nos permitem obter informação sobre a sua condição corporal e o sex ratio.


Este número elevado de salvamentos na pequena Vila do Corvo só é possível com todo o apoio da população que durante este período é parte integrante e fundamental para que estes juvenis sejam salvos. Sem todo o esforço quase 24h da nossa parte, Parque, restantes parceiros (Polícia Marítima, GNR, Câmara Municipal, EDA, entre outros) e população, em particular a mais jovem certamente não teríamos tantos salvamentos, afinal eram cerca de 15-20 os voluntários que percorriam a Vila diariamente.


Foram ainda registados 12 mortos, alguns deles obtiveram tratamento mas infelizmente não sobreviveram.

Além destes dados foram ainda registadas as coordenadas do local de salvamento para identificar os pontos críticos da poluição luminosa, de modo, a testarmos medidas de mitigação futuramente. Este terá de ser o mote, os salvamentos devem diminuir com a implementação de medidas de mitigação sobre a poluição luminosa, o que queremos é que os juvenis de cagarro se aventurem pela primeira vez sem terem estas peripécias pelo caminho, ou seja, sem correrem o risco de se encadear e cheguem sem problemas ao seu destino, o mar.


E no Corvo, precisamos apenas reavivar esses hábitos, uma vez que já lá vão mais de 20 anos desde que a Campanha SOS Cagarro começou e ainda antes desta já um corvino havia pedido para desligar as luzes da Vila do Corvo a partir das 00h30 observando assim que os juvenis ao abandonar o ninho se encandeavam e ficavam sujeitas ao perigo de serem predados por gatos e cães ou mesmo atropelados.

O Corvo tem vindo a ser o grande expoente da nossa colaboração na Campanha mas nos últimos anos o Nordeste e a Povoação têm também sido alvos de patrulhas nocturnas diárias, e registo de dados, com 98 e 23 cagarros salvos respectivamente e 2 mortos na Povoação este ano.

E para nos despedir em grande deixo-vos com um poema da Francisca Sousa (participaram ainda o João Estêvão e o Jardim de Infância "Planeta Azul") que simboliza uma ode ao Mar e às Aves Marinhas e que foi escrito para celebrar o Dia Nacional do Mar na sessão de encerramento da Campanha, que contou ainda com uma apresentação sobre as monitorizações realizadas nas colónias de aves marinhas na ilha do Corvo:


Uma Após Uma,
Uma após outra
As ondas apressadas
Enrolam o seu azul
E soltam a branca espuma 
 No moreno das praias.
Gritam nas rochas
 E o sol aquece o ar,
O ar entre as nuvens
 Que no céu se rasgam...
E eu observo o mar...

Oh cagarro, cagarro!
Com o teu bico bizarro
Afasta-te desse carro,
Que contigo ainda esbarro.
Busca como um menino
O seu destino.

Terminamos mais uma vez com um Grande Obrigada a Todos os que "Salvaram um Cagarro e Fizeram um Amigo!", os Cagarros e nós Agradecemos.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Crianças e jovens entre plantas endémicas no Corvo

Na passada semana os alunos da Escola Básica e Secundária Mouzinho da Silveira e do Jardim de infância "Planeta Azul" fizeram nova visita ao estufim incorporado na escola. O estufim tem sido desde 2010 uma ferramenta fundamental para a recuperação de habitat nas áreas do projeto e também na ilha do Corvo, mais precisamente da Vila, uma vez que produz milhares de plantas endémicas que tem vindo a ser transplantadas para estas áreas, aumentando o número de espaços verdes e contribuindo para a recuperação de habitat da Reserva Biológica do Corvo e da Reserva Biológica de Altitude.




Os alunos puderam assim reavivar conhecimentos sobre as espécies aí produzidas, entre as quais o cedro do-mato Juniperus brevifolia, urze Erica azorica, uva-da-serra Vaccinium cylindraceum, sanguinho Frangula azorica, pau-branco Picconia azorica, faia-da-terra Myrica faia e vidália Azorina vidalii entre outras. 


Além de reavivar conhecimentos, os alunos repicaram urzes e plantaram algumas destas espécies nos espaços verdes da escola substituindo as que não haviam sobrevivido.



Continuamos a educar para preservar!

Paínho-da-Madeira volta ao Ilhéu de Vila Franca do Campo

Nos últimos dias uma equipa da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) confirmou a nidificação de painho-da-madeira no Ilhéu de Vila Franca do Campo no seguimento dos trabalhos que têm vindo a ser realizados nesse local para acompanhamento e conservação da colónia de aves marinhas aí existente.


O painho-da-madeira (Hydrobates castro) é uma pequena ave, de tamanho e cor semelhante a um melro (19-21cm) razão pela qual era conhecido como melro-da-baleia. Tem um comportamento marcadamente pelágico passando grande parte do seu ciclo de vida em mar alto, característica comum às espécies da família procellariidae a que pertence, das quais a espécie mais conhecida é o emblemático cagarro (Calonectris borealis). Apresenta uma distribuição alargada no Atlântico, distribuindo-se por todo o território português (arquipélagos das Berlengas, dos Açores e da Madeira). Nos Açores a sua nidificação está confirmada no ilhéu do Topo (ilha de S. Jorge), nos ilhéus do Carapacho e da Praia (ilha Graciosa) e no ilhéu da Vila (ilha de S. Maria). Embora haja suspeitas de nidificação na ilha das Flores e no Corvo, estas ainda estão por confirmar. Nestes locais, a sua identificação é complicada pela inacessibilidade dos locais em que nidificam e também pela presença de uma espécie aparentada, o painho-de-monteiro Hydrobates monteiroi (a única ave marinha endémica dos Açores, não existindo em outro local do planeta), uma vez que em setembro/outubro podem sobrepor-se. No entanto, este ano a nidificação deste último foi confirmada nas Flores no âmbito do projeto LIFE EuroSAP, já no Corvo as suspeitas mantém-se, apesar das vocalizações ouvidas nos ilhéus da Ponta do Marco. Ambos os painhos nidificam em pequenas cavidades ou em fendas nas rochas em ilhas e ilhéus sem predadores introduzidos. A sua observação é difícil durante o dia, sobretudo a partir de costa, sendo mais fácil a sua deteção ao final do dia, quando regressam aos ninhos durante a noite.


Segundo Carlos Silva, assistente técnico da SPEA, “...há testemunhos de nidificação de painho-da-madeira no ilhéu de Vila Franca do Campo nos anos 90, mas suspeita-se que a presença de roedores no final do século XX tenha levado ao seu desaparecimento.”

Entre 2009 a 2012, o ilhéu de Vila Franca do Campo foi alvo da implementação de algumas das ações do projeto LIFE “Ilhas Santuário para as Aves Marinhas” (que decorreu também no Corvo) com o objetivo de estudar o impacto das espécies invasoras nas aves marinhas. O projeto foi coordenado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, em parceria com o Governo Regional, a Câmara Municipal do Corvo, a Royal Society for the Protection of Birds, o Clube Naval de Vila Franca do Campo e a Câmara Municipal de Vila Franca do Campo. Muitas foram as ações desenvolvidas para melhorar as condições de habitat das aves marinhas pelágicas, desde o controlo de cana e de outras espécies de plantas invasoras, plantação de plantas endémicas, instalação de ninhos artificiais para painhos-da-madeira e frulhos (Puffinus lherminieri), assim como, a monitorização da população de cagarro, escutas noturnas para detetar a presença destas aves e a monitorização de roedores.

Carlos Silva refere que “A erradicação de roedores do ilhéu, realizada pelo Parque Natural de São Miguel ainda antes do início do projeto, foi provavelmente o fator chave para o regresso do painho-da-madeira. Anualmente verifica-se a eventual presença de roedores 2 a 3 vezes por ano com um sistema de cubos de parafina não tóxico, porque o risco de reintrodução é elevado, não só pela oportunidade de terem “boleia” do intenso tráfego marítimo, bem como, por os ratos terem a capacidade de nadar uma distância até 2km… e o ilhéu de Vila Franca do Campo está apenas a cerca de 500 metros da orla costeira de São Miguel”.

A primeira deteção de painho-da-madeira no ilhéu de Vila Franca do Campo pelos técnicos da SPEA ocorreu em outubro de 2010 e nos anos seguintes a espécie foi detetada ocasionalmente, sendo provavelmente aves prospetoras em busca de novos locais de nidificação.

O técnico explicou que “...desde 2013 suspeitamos da elevada probabilidade de nidificação. Os painhos-da-madeira foram detetados durante toda a sua época de reprodução, que decorre de outubro a fevereiro. Durante o inverno de 2014 e 2015, foram investidos esforços na localização de ninhos nas encostas do ilhéu. Descemos com o auxílio de cordas todas as vertentes rochosas do ilhéu tentando localizar indícios e ninhos, buscas que se revelaram infrutíferas, pelo que optamos por recorrer a outra abordagem metodológica, através do método de marcação-recaptura com recurso a redes de anilhagem com o qual obtivemos sucesso a semana passada, uma vez que reuniram-se as condições para o teste desta abordagem, tendo sido capturados 7 indivíduos nos quais foi observada pelada de incubação (ausência de penas no ventre da ave, permitindo uma maior transferência de calor na incubação do ovo e indicando que a ave está a chocar o ovo), confirmando-se assim a nidificação. Esta característica só é evidente com a ave na mão...”.

Esta ação só foi possível com a colaboração do Clube Naval de Vila Franca do Campo e do Parque Natural de Ilha de São Miguel, e permitiu à equipa da SPEA comprovar a nidificação desta pequena ave, ainda que o número de aves capturado em duas noites de amostragem tenha sido reduzido, a pelada de incubação presente em todos os indivíduos encheu a equipa de satisfação “...as nossas suspeitas foram confirmadas e podemos afirmar que o painho-da-madeira regressou ao ilhéu, alargando assim a sua atual área de distribuição”.

Segundo a SPEA “O trabalho no ilhéu não pode ficar por aqui. Os próximos passos passam por efetuar a estimativa populacional para esta espécie e melhorar as condições de nidificação. Estas ações devem agora ser integradas no atual plano de conservação do ilhéu de Vila Franca do Campo”.

O painho-da-madeira está classificado como vulnerável no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal e segundo a Birdlife International, a tendência populacional da espécie encontra-se em declínio. Nos Açores, a sua população tem sido monitorizada no ilhéu da Vila e ilhéu da Praia pelo Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, em colaboração com os parques naturais. A espécie não tem sido alvo de ações diretas de conservação no entanto estão a decorrer diferentes ações de conservação (controlo/erradicação de plantas invasoras e erradicação de mamíferos invasores) para outras aves marinhas em diferentes ilhéus por parte de diferentes entidades (parques naturais e Universidade dos Açores), o painho-da-madeira acaba por beneficiar destas ações uma vez que partilha problemas e soluções com as restantes aves marinhas nidificantes nos Açores.


Este regresso ao Anel da Princesa é mais uma jóia a acrescentar ao potencial do ilhéu e das ações que aí tem sido desenvolvidas para recuperar este habitat tornando-o novamente mais adequado aos seus habitantes primordiais, conciliando desta forma o seu usufruto de forma sustentável, de modo, a desempenhar o papel de santuário para as aves marinhas que aí nidificam em ligação com a população que o visita.

Cria da Lua-de-mel no Corvo IV abandona ninho

O Penas abandonou o ninho na noite de 27 de outubro e partiu para iniciar a sua primeira grande aventura rumo a terras brasileiras. Esta foi a 4ª edição da Lua-de-mel no Corvo e contou mais uma vez com o apoio da MEO, da Câmara Municipal do Corvo e do Governo dos Açores. A 4ª edição foi visualizada mais de 13 000 vezes com 73% das visualizações a serem portuguesas e permitiu continuar a acompanhar em directo a nidificação de um casal de Cagarros Calonectris borealis. Foram várias as infelicidades, de recordar que este foi o 3º casal seguido este ano, uma vez que os dois primeiros não tiveram ovos viáveis, com o habitual casal a partir o ovo e o segundo casal a não conseguir fecundar o ovo, mas no fim, tudo corre bem quando acaba bem.


Fica ainda um agradecimento especial a todos os que acompanham diariamente a primeira fase desta cria. Para o ano se tudo correr como planeado teremos nova edição, até lá, resta-nos esperar que o som desta emblemática ave marinha volte a ecoar pelas noites açorianas.

XI Jornadas do Priolo comemoram Dia Mundial da Floresta Autóctone

A XI edição das Jornadas do Priolo teve lugar ontem dia 21 de novembro, no Centro Municipal de Atividades Culturais do Nordeste e este ano pretendeu não só promover a Biodiversidade junto dos mais novos, mas também comemorar o Dia Mundial da Floresta Autóctone. As jornadas tiveram o intuito de informar e aproximar a população escolar da Natureza dos Açores, o seu valor e a importância da sua conservação.

A edição deste ano das Jornadas do Priolo, à semelhança dos anos anteriores, foi organizada pela SPEA no âmbito do Projeto Life+ Terras do Priolo. Este evento contou com a participação da DRA (Direção Regional da Agricultura) e da DRRF (Direção Regional dos Recursos Florestais). Também foram realizadas algumas palestras sobre as ações desenvolvidas pelo projeto LIFE+ Terras do Priolo.

As Jornadas tiveram como objetivo fazer o enquadramento dos projetos de conservação, coordenados pela SPEA, a decorrer atualmente em São Miguel e comemorar o Dia da Floresta Autóctone, no âmbito da comunidade escolar, relembrando a importância da conservação das Florestas e problemáticas associadas. Para além disso pretendeu-se também dinamizar a partilha de conhecimentos entre entidades e alunos nas áreas técnicas da sustentabilidade e práticas agrícolas com maior impacto ambiental e potenciar o intercâmbio entre escolas e entidades educativas.



Uma vez mais, as Jornadas promoveram o intercâmbio entre escolas, com a participação de mais de uma centena de estudantes, do ensino profissionalizante e vocacional de vários pontos da ilha de São Miguel desde o Nordeste, Povoação, Ribeira Grande e Vila Franca do Campo.  Este ano para além das palestras houve da parte da tarde uma visita guiada à Reserva Florestal dos Viveiros do Nordeste e ao Centro de Divulgação Florestal do Nordeste.

O nosso muito obrigado a todas as escolas e entidades presentes!