quarta-feira, 23 de novembro de 2016

SOS Cagarro 2016 do Corvo ao Nordeste e Povoação


Desde 2009 que a SPEA Açores tem vindo a colaborar ativamente com o Parque Natural do Corvo e em São Miguel apoiando diversas entidades envolvidas na Campanha SOS Cagarro. Esta Campanha tem como propósito alertar a população açoriana para a necessidade de preservação do Cagarro Calonectris borealis, uma espécie protegida que nidifica nos Açores.

Este ano não foi excepção e a SPEA no Corvo continuou a colaborar nas ações de sensibilização para a população escolar, população e no tratamento de juvenis acidentados no Centro de Recuperação de Aves Selvagens, no registo dos dados biométricos e na marcação com anilhas dos juvenis salvos durante as brigadas nocturnas diárias que se iniciaram a partir da queda do primeiro indivíduo no dia 19 de Outubro até ao dia 7 de Novembro. Tendo o último sido salvo no dia 21 de Novembro.


No total foram 1022 os cagarros salvos (em toda a região foram salvos 6167) tendo sido anilhados 778 juvenis (de lembrar que nos Açores foram anilhados cerca de 1300), infelizmente no Corvo não houve anilhas suficientes para todos, desde já um agradecimento ao Pedro Geraldes, Parque Natural do Faial, Verónica Neves-DOP que nos cederam anilhas.

Além da marcação, foram ainda registadas as medidas biométricas, nomeadamente da asa, tarso, peso, cúlmen e gonys, foi ainda identificado o género nos indivíduos que vocalizaram, é assim que podemos distinguir macho de fêmea, com esta última a ter uma voz mais grave. Os dados registados permitem-nos assim verificar a sobrevivência destas aves se capturadas, assim como, a sua idade, além de que nos permitem obter informação sobre a sua condição corporal e o sex ratio.


Este número elevado de salvamentos na pequena Vila do Corvo só é possível com todo o apoio da população que durante este período é parte integrante e fundamental para que estes juvenis sejam salvos. Sem todo o esforço quase 24h da nossa parte, Parque, restantes parceiros (Polícia Marítima, GNR, Câmara Municipal, EDA, entre outros) e população, em particular a mais jovem certamente não teríamos tantos salvamentos, afinal eram cerca de 15-20 os voluntários que percorriam a Vila diariamente.


Foram ainda registados 12 mortos, alguns deles obtiveram tratamento mas infelizmente não sobreviveram.

Além destes dados foram ainda registadas as coordenadas do local de salvamento para identificar os pontos críticos da poluição luminosa, de modo, a testarmos medidas de mitigação futuramente. Este terá de ser o mote, os salvamentos devem diminuir com a implementação de medidas de mitigação sobre a poluição luminosa, o que queremos é que os juvenis de cagarro se aventurem pela primeira vez sem terem estas peripécias pelo caminho, ou seja, sem correrem o risco de se encadear e cheguem sem problemas ao seu destino, o mar.


E no Corvo, precisamos apenas reavivar esses hábitos, uma vez que já lá vão mais de 20 anos desde que a Campanha SOS Cagarro começou e ainda antes desta já um corvino havia pedido para desligar as luzes da Vila do Corvo a partir das 00h30 observando assim que os juvenis ao abandonar o ninho se encandeavam e ficavam sujeitas ao perigo de serem predados por gatos e cães ou mesmo atropelados.

O Corvo tem vindo a ser o grande expoente da nossa colaboração na Campanha mas nos últimos anos o Nordeste e a Povoação têm também sido alvos de patrulhas nocturnas diárias, e registo de dados, com 98 e 23 cagarros salvos respectivamente e 2 mortos na Povoação este ano.

E para nos despedir em grande deixo-vos com um poema da Francisca Sousa (participaram ainda o João Estêvão e o Jardim de Infância "Planeta Azul") que simboliza uma ode ao Mar e às Aves Marinhas e que foi escrito para celebrar o Dia Nacional do Mar na sessão de encerramento da Campanha, que contou ainda com uma apresentação sobre as monitorizações realizadas nas colónias de aves marinhas na ilha do Corvo:


Uma Após Uma,
Uma após outra
As ondas apressadas
Enrolam o seu azul
E soltam a branca espuma 
 No moreno das praias.
Gritam nas rochas
 E o sol aquece o ar,
O ar entre as nuvens
 Que no céu se rasgam...
E eu observo o mar...

Oh cagarro, cagarro!
Com o teu bico bizarro
Afasta-te desse carro,
Que contigo ainda esbarro.
Busca como um menino
O seu destino.

Terminamos mais uma vez com um Grande Obrigada a Todos os que "Salvaram um Cagarro e Fizeram um Amigo!", os Cagarros e nós Agradecemos.

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