quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

LIFE IP AZORES NATURA: 4 anos a monitorizar, avaliar e proteger as Sentinelas dos Oceanos (aves marinhas)

O Projeto LIFE IP AZORES NATURA está a monitorizar, avaliar e proteger aves marinhas desde 2020 no Ilhéu da Vila (Sta. Maria), Ilhéu da Praia e ilhéu de Baixo (Graciosa) e ilhéu do Topo (São Jorge). 

Nos últimos 4 anos uma equipa integrada (SPEA, Direção Regional das Políticas Marítimas, Direção Regional do Ambiente e Alterações Climáticas e Parques Naturais de ilha) com experiência na monitorização e conservação das aves marinhas implementaram a metodologia definida (MSII Consortium, 2018) no relatório base para a avaliação do Bom Estado Ambiental das águas da Macaronésia, com as aves marinhas como sentinelas do oceano (Macaronesian Roof Report). 

Esta foi adaptada e integrada nos Planos Operacionais do projeto monitorizando e avaliando o estado das populações de 5 espécies de Procellariiformes: roque-de-castro Hydrobates castro, frulho Puffinus lherminieri, painho-de-Monteiro Hydrobates Monteiroi, alma-negra Bulweria bulwerii e cagarro Calonectris borealis.

Frulho no ilhéu da Praia

 A avaliação das populações é realizada seguindo os critérios da Diretiva Quadro Estratégia Marinha, nomeadamente a abundância (parâmetros: contagem de ninhos BP (breeding pairs, casais reprodutores) e monitorização acústica passiva com recurso a unidades de gravação autónomas, ARUs para as espécies de painhos, em BP) e de demografia (parâmetro: sucesso reprodutor BS (%), ou taxa de ocupação TO (%) (alma-negra no ilhéu de Baixo) e taxa de sobrevivência SR (%)). No mínimo e sempre que possível foram realizadas 3 monitorizações por espécie em cada colónia para avaliar estes parâmetros.


Vigilante Joana Lourenço (Parque Natural da Graciosa) a monitorizar os ninhos artificiais de roque-de-castro. Foto: Pedro Raposo/Parque Natural da Graciosa

No total foram realizadas 94 monitorizações (35 monitorizações direcionadas ao cagarro, 19 para a alma-negra, 13 para o frulho, 10 para o roque-de-castro e 17 para o painho-de-Monteiro) em vez das 118 previstas, em virtude das condições climatéricas adversas. 


Rita Câmara (Parque Natural de Santa Maria) a monitorizar colónia de frulho no ilhéu da Vila

A avaliação dos Procellariiformes enquadra sempre que possível os valores de referência históricos e a informação disponível anterior ao período do projeto, de forma, a obter tendências populacionais e permitir uma avaliação das espécies por colónia. 

No ilhéu da Vila os resultados foram: alma-negra (72 BP, 52 BS), frulho (23 BP, 57 BS), roque-de-castro (49 BP, 257BP monitorização acústica passiva) e cagarro (105 BP, 66 BS).

No ilhéu da Praia são: painho-de-Monteiro (67 BP, 112 BP monitorização acústica passiva, 42 BS e 86 SR), frulho (17 BP, 49 BS), roque-de-castro (121 BP, 276 BP monitorização acústica passiva e 47 BS) e cagarro (62 BP, 76 BS).

No ilhéu de Baixo são: painho-de-Monteiro (135 BP monitorização acústica passiva e 79 SR), roque-de-castro (300 BP monitorização acústica passiva), alma-negra (17BP, 74 taxa de ocupação TO, 76 SR) e cagarro (61 BP e 61 BS).

No caso do ilhéu do Topo foram 3 realizadas prospeções com confirmação da nidificação de painho-de-Monteiro e indentificação de 2 ninhos, a população foi estimada em 9 BP através da monitorização acústica passiva. 

Confirmação nidificação painho-de-Monteiro (anilhagem) no ilhéu do Topo
  Foto: Beatriz Martins

Uma vez que a taxa de sobrevivência depende do esforço de Captura-marcação-recaptura, não foi possível determinar este parâmetro para a maioria das espécies, dadas as condições climatéricas adversas que limitaram o acesso aos ilhéus, o que será facilitado nos próximos anos, uma vez que durante os últimos 4 anos todas as equipas técnicas dos Parques Naturais foram capacitadas no terreno, no total 232h de formação prática, permitindo assim aumentar o número de equipas  de pessoas com valências para monitorizar e manusear as aves marinhas em questão, potenciando assim, a implementação da monitorização e a avaliação a longo-prazo destas espécies prioritárias para a região.

Capacitação da vigilante da Natureza Joana Lourenço em anilhagem com redes verticais no ilhéu de Baixo 

Para terminar, foram 4 anos de desafios e aventuras entre as aves marinhas, onde o esforço conjunto desta equipa maravilha contribuiu para a implementação da monitorização uniforme que permitiu avaliar o estado das populações de Procellariiformes. 

Este é o primeiro grande passo para colmatar as lacunas de informação e garantir (nas próximas fases do projeto) assim a avaliação destas espécies a longo-prazo e no futuro integrar metodologias complementares autónomas com as tradicionais possibilitando a avaliação do estado das aves marinhas mesmo quando há "Mau Tempo no Canal", Vento Encanado ou Mar Marafado.

Parte da equipa técnica das aves marinhas em trabalhos no ilhéu do Topo
Foto: Beatriz Martins


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