A ilha do Corvo apaga a iluminação pública de 15 de outubro a 8 de novembro entre as 00h e as 06h e de
25 a 30 de outubro, durante o período mais crítico, todas as noites entre as
21h e as 4h haverá um apagão geral. Esta medida pretende proteger o grupo de
aves mais ameaçadas do mundo, sensibilizar para a problemática da poluição
luminosa e incentivar outros municípios da Região, com a maior população
nidificante da mais emblemática ave marinha da Macaronésia, o Cagarro (Calonectris borealis), a aderirem.
Voltamos a unir esforços com a Câmara Municipal do Corvo para minimizar o impacto da poluição luminosa no período mais crítico para o Cagarro. Nesta altura do ano os jovens Cagarros estão a abandonar os ninhos e a fazer-se ao mar. Para evitar predadores, fazem-no de noite, mas as luzes das nossas vilas e cidades deixam-nas muitas vezes encandeadas, desorientando as jovens aves que acabam por cair por terra, podendo ser predadas por cães e gatos, perecer por colisão, desidratação e inclusive diminuir a sua probabilidade de atingirem a idade adulta, não só nos Açores, mas também na Madeira e nas Canárias.
Cagarro juvenil na ilha do Corvo |
Estes apagões contribuem assim para
potenciar o sucesso da mais antiga e mediática Campanha de Conservação e
Educação Ambiental nos Açores, desenvolvida pelo Governo dos Açores, a Campanha
SOS Cagarro, na qual a SPEA tem vindo a colaborar ativamente com o Parque
Natural de Ilha e população corvina desde 2009, assim como na implementação da
Campanha SOS Estapagado nos últimos 10 anos na ilha do Corvo, com o intuito de
salvar, sensibilizar e minimizar o impacto da poluição luminosa sobre este
primo do Cagarro mais pequeno, o Estapagado (Puffinus puffinus).
Estapagado salvo na ilha do Corvo em 2021 |
Este apagão é uma expansão face a iniciativas anteriores nesta ilha e em particular em 2020 onde pela primeira vez se realizou um apagão geral a nível mundial tendo o apoio de 207 corvinos. Sendo a poluição luminosa uma ameaça prioritária para a Macaronésia com diversos projetos a contribuírem para o aumento do conhecimento do impacto da poluição luminosa nas aves marinhas e a importância de uma política de eficiência energética, é essencial uniformizar medidas para proteger estas espécies e alcançar as almejadas metas de conservação e turismo sustentável. O Corvo volta a dar o exemplo e aumenta os períodos de mitigação da ameaça, uma ação que se insere no projeto Interreg EElabs, com o intuito de avaliar os efeitos da poluição luminosa na população de aves marinhas e nas noites naturais, através da recolha de informação do primeiro e único Laboratório de Poluição Luminosa dos Açores, instalado em julho na ilha do Corvo.
A SPEA e os seus
parceiros esperam assim que outros municípios e ilhas por toda a Macaronésia,
sigam o exemplo do Corvo desligando as luzes em períodos críticos para minimizarem
esta ameaça a curto-prazo e para que possam ocupar, assim como a ilha do Corvo,
um lugar de destaque na preservação das aves marinhas, razão pela qual a mais
pequena ilha do arquipélago reclama o estatuto de Santuário para as Aves
Marinhas.
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