quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Aves Marinhas: Sentinelas das Áreas Marinhas Protegidas

Nas últimas semanas de Julho estivemos a colaborar com o investigador Ewan Wakefield da Universidade de Glasgow no seguimento de Cagarros Calonectris borealis na ilha do Corvo. Este trabalho insere-se no projecto de seguimento do investigador Ewan Wakefield da recente proposta para a definição da área importante para as aves marinhas: Corrente do Atlântico Norte e do Monte Submarino Evlanov, a juntar a uma das 7 áreas marinhas protegidas estabelecidas em águas internacionais, ao abrigo da Convenção para a Protecção do Meio Marinho do Atlântico Nordeste, OSPAR.


Áreas Marinhas Protegidas em águas internacionais, incluindo a vermelho a área marinha protegida proposta
Fonte: OSPAR

No ano passado o investigador Ewan e vários especialistas prospectaram a Crista Médio-Atlântica, em particular o monte submarino Evlanov e a Corrente do Atlântico Norte, onde foram identificadas 17 espécies de aves marinhas, e 26 durante toda a Campanha. 

Ainda através do seguimento foi identificado que a área em questão é importante para várias espécies, em particular espécies ameaçadas como, o papagaio-do-mar Fratercula artica, o fulmar Fulmarus glacialis, a freira das bermudas Pterodroma cahow e a freira-da-madeira Pterodroma madeira (esta última endémica do arquipélago da Madeira, com a área de nidificação restrita ao Maciço Montanhoso Oriental do Pico do Areeiro, com uma população estimada em 65-80 casais). 


Freira-da-madeira
Foto: T.Pipa
No total são pelo menos 25 as espécies que usam esta área para alimentar-se o que demonstra a sua importância e por esta razão, foi proposta à Convenção OSPAR a classificação desta área como Área Marinha Protegida, pelo que toda a informação recolhida sobre a área até ao dia 14 de Setembro é de extrema importância para a definição desta área.

Entre as espécies que utilizam esta área e são alvo do estudo estão o Cagarro, o fulmar, a pardela-preta Ardenna grisea e o cagarro-de-coleira Ardenna gravis, 2 espécies a nidificar no Hemisfério Norte e 2 espécies a nidificar no Hemisfério Sul, respectivamente.

A colónia do Corvo foi escolhida por ser seguida há vários anos e inclusive haver informação de outros estudos, onde foi observado que os Cagarros do Corvo se deslocam aproximadamente a 500km a Norte do Corvo para se alimentarem.


Recuperação de transmissor e registo de biometrias de Cagarro
Foto: Ewan Wakefield
A informação obtida, permitirá aferir melhor a importância destas áreas, a interacção entre as várias espécies de aves marinhas, a associação destas com as espécies de mamíferos marinhos, nos Açores esta associação já foi descrita há vários anos (Martín, 1986), a segregação entre áreas de forageio entre as diferentes espécies e contribuir para a definição da área anteriormente descrita como Área Marinha Protegida.



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