terça-feira, 10 de maio de 2016

Painho-de-Monteiro entre a Graciosa e as Flores

Nos dias 27 a 2 de Maio uma equipa da SPEA deslocou-se ao o ilhéu da Praia para mais trabalho de campo com o painho-de-monteiro Hydrobates monteiroi no âmbito do Projecto LIFE EuroSAP. Os trabalhos de anilhagem com recurso a redes permitiram capturar 136 painhos-de-monteiro e recapturar 114 indivíduos anteriormente anilhados.

Painho-de-Monteiro
Foto T.Pipa

Medição tarso
Foto T.Pipa

Foram ainda capturados 16 frulhos Puffinus Iherminieri baroli e recapturados outros tantos que se encontram em plena azáfama a alimentar as crias que no final de Maio abandonarão o ninho e explorarão as águas dos Açores.


Frulho
Foto T.Pipa

Além dos trabalhos de anilhagem a equipa deslocou-se ainda ao ilhéu de Baixo para monitorizar os 50 ninhos artificiais aí colocados no âmbito do Programa Preventing Extinctions da Birdlife Internacional e recuperar o ARU (unidade de gravação automática) que foi colocada agora no ilhéu da Praia.Os dados recolhidos por estas unidades serão agora analisados e serão importantes para estimar a população de painho-de-monteiro.

Deixámos a ilha Branca e de 3 a 6 de Maio apostámos esforços na ilha Rosa, as Flores, e montamos acampamento na Alagoa onde no ano anterior ouvimos o som dos painhos e com a esperança de tornar as nossas suspeitas uma realidade. O primeiro passo foi a prospecção dos ilhéus da Alagoa com o auxílio do kayak, nomeadamente, o Deitado e outro ilhéu junto a este e recuperar o ARU presente no ilhéu Sentado desde Junho de 2015 foi também recuperado para análise dos dados, uma vez que o mar e o vento sopravam de feição.

 Prospecção ilhéus Alagoa
Foto T.Pipa

Para confirmar a nidificação de painho-de-monteiro na ilha das Flores foram montadas redes na praia da Alagoa e apesar das vocalizações ouvidas não foi capturado nenhum indivíduo. Apesar das expectativas reduzidas em virtude das tentativas goradas na praia da Alagoa, a esperança era a última a morrer, uma vez que as vocalizações ouvidas no ilhéu Sentado o ano anterior incentivavam-nos a apostar mais uma vez neste ilhéu. Era essencial testar esta teoria e esperar que a sorte estivesse do nosso lado, o que veio a confirmar-se com a captura de um exemplar de painho-de-monteiro.


Painho-de-Monteiro no ilhéu Sentado
Foto T.Pipa

Ainda que tenha sido apenas um podemos agora confirmar as suspeitas de nidificação na ilha das Flores do Doutor Luís Monteiro desde 1996, e que infelizmente faleceu em 1999, mas que deixou para trás um vasto trabalho de investigação em aves marinhas e nesta em particular e que recebeu o nome em honra a este investigador do DOP (Departamento de Oceanografia e Pescas) e que agora nos inspira a continuar a trabalhar para confirmar estas suspeitas, resta-nos agora encontrar ninhos. Houve ainda tempo para dar a volta à ilha e prospectar novos ilhéus para procurar o painho-de-Monteiro. Este foi um pequeno passo para confirmar que o painho-de-monteiro não está apenas restringido aos ilhéus da ilha Branca e tem nas Reservas da Biosfera locais ideais para nidificar.

Para terminar, agradecemos mais uma vez o apoio do Parque Natural da Graciosa e na ilha das Flores do Carlos Toste (Hotel Ocidental), da Sandra Quaresma e dos Bombeiros Voluntários de Santa Cruz das Flores, os quais tem contribuído para o sucesso dos trabalhos.


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