quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Monitorização da erosão da linha de água

Ao longo dos séculos, o Homem alterou significativamente o ambiente que o rodeava, com consequências catastróficas, especialmente ao nível do abastecimento de água para as populações. A poluição aquática, a dispersão de espécies invasoras de flora e fauna, as alterações morfológicas efetuadas pelo homem às ribeiras e áreas húmidas, e a captação de água para rega ou abastecimento das populações, são apenas alguns exemplos das alterações que o meio ambiente tem sido alvo.

Perante este cenário, a Diretiva Quadro da Água (2000/60/EC) surgiu com o intuito de promover o uso sustentável da água e transformar os ambientes fluviais da União Europeia num estado ecológico ótimo. Entende-se por estado ecológico aquela medida de qualidade da estrutura e funcionamento do ecossistema aquático. Num ótimo estado ecológico, as condições físico-químicas e morfológicas do meio aquático devem permitir o correto desenvolvimento das comunidades que o habitam, sendo que a avaliação destas condições, conjuntamente com as condições biológicas baseadas na composição da flora e fauna aquática, determinam o estado ecológico dos ecossistemas fluviais.


É neste enquadramento, que no âmbito do Projeto LIFE+ Terras do Priolo está a ser realizada a intervenção de requalificação ambiental numa área de 28 hectares que constitui um gradiente altitudinal dos 300 metros até aos 900 metros situada na Serra da Tronqueira. Esta área é atravessada por um afluente da Ribeira do Guilherme de caudal permanente em cujas margens ao longo do gradiente altitudinal podem-se encontrar povoamentos puros de espécies invasoras, nomeadamente Incenso (Pittosporum undulatum), e Floresta de Laurissilva invadida por espécies invasoras como a Cletra (Clethra arborea), Acácia-negra (Acacia melanoxylon) e também Incenso. 


A complexidade da intervenção nas áreas ribeirinhas devido à dificuldade associada à falta de acessos, a elevada densidade de espécies invasoras, faz com que esta intervenção tenha associada uma ação de acompanhamento do estado ecológico da ribeira, sendo de extrema importância a avaliação das condições físico-químicas, hidromorfológicas e biológicas de acordo com a legislação Regional e a Diretiva Quadro Água, assim como da erosão nas margens da ribeira, onde se avaliam os movimentos das partículas do solo.


Neste mês de Fevereiro iniciaram-se as primeiras recolha de amostras de água e solo para análise no laboratório. As analises físico-químicas serão realizadas pelo instituto INOVA, as análises biológicas serão efetuadas em colaboração com a Universidade dos Açores e as análises de solo serão efetuadas pelo Laboratório Regional de Engenharia Civil (LREC). 


Esta monitorização permitirá caracterizar e avaliar os efeitos de recuperação de uma área natural invadida atravessada por uma linha de água secundária, o que possibilitará estudar ao longo do projeto as variáveis e indicadores nas diferentes situações: antes, durante e após da intervenção em áreas ribeirinhas.  

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