quinta-feira, 20 de agosto de 2015

LIFE+ Terras do Priolo testa técnicas de engenharia biofísica

As características geomorfológicas dos solos, os relevos acidentados e os elevados regimes de chuvas são algumas das características que levam a que as áreas de montanha da Zona de Proteção Especial Pico da Vara/Ribeira do Guilherme, à semelhança do que se passa um pouco por todas as ilhas dos Açores, sejam muito vulneráveis à ocorrência de situações de erosão e à existência de derrocadas.

Estas ocorrências tem vindo a ser agravadas pela expansão da vegetação exótica invasora. As características biofísicas destas plantas, nomeadamente o seu sistema radicular superficial, o rápido crescimento e o seu grande desenvolvimento apical leva à acumulação de grandes volumes de biomassa, o que associado aos fatores acima descritos aumenta exponencialmente a probabilidade de ocorrência de deslizamentos de terras com consequências para o património natural (destruição de plantas e/ou animais, abertura de espaços para invasão por exóticas, etc). Para além disso acresce os riscos para as populações humanas, como atestam as catástrofes naturais ao longo dos anos nos dois concelhos onde a ZPE está localizada, Povoação e Nordeste.

À esquerda, o talude antes da intervenção e à direita após a construção do muro vivo

Por forma a limitar e reverter estes processos, estão ser desenvolvidos testes com base nas técnicas de engenharia biofísica que visam não só diminuir os impactes da erosão hídrica superficial no solo através da sua consolidação, mas ao mesmo tempo uma requalificação ambiental através de espécies nativas dos Açores, no sentido de recuperar os habitats naturais existentes nestas áreas. 

As técnicas aplicadas baseiam-se em duas ideias fundamentais: a utilização de materiais vivos, pelas suas características funcionais, e no reaproveitamento do material florestal, resultante da erradicação das plantas exóticas lenhosas, na construção de estruturas. Em alguns casos é necessário o uso de pedra de diferentes dimensões para consolidação de áreas mais sensíveis. 



A utilização de plantas vivas ou de partes destas aquando das intervenções é fulcral, na medida em que as espécies vegetais são os primeiros materiais de “edificação” da natureza. Procura-se utilizar e combinar da melhor maneira as suas potencialidades radiculares, de forma a realizar obras capazes de resistir a fortes estímulos físicos, integrando-se perfeitamente na paisagem e desempenhando um papel ecológico indispensável. 

Esta ação preparatória do projeto LIFE+ Terras do Priolo, pretende dar resposta a estes desafios sendo que em simultâneo recuperam uma pequena área na zona de Mata dos Bispos (inserida no Parque Natural de Ilha) onde estão a ser aplicadas diferentes técnicas: muro vivo, grade viva, aplicação de geotêxtil e hidrosementeira e drenagem biotécnica.

           À esquerda o talude antes da intervenção e à direita após a construção da grade viva

Tal como mostram as fotografias, as estruturas geotécnicas estão finalizadas estando a faltar apenas a aplicação da hidrosementeira e plantação que será realizada durante o próximo outono / inverno e suportará a finalização da reabilitação do talude nesta área.




Aproveitamos para agradecer a todas as entidades envolvidas nesta ação, nomeadamente à Secretaria Regional de Turismo e Transportes, em especial ao departamento de Sistemas de Informação Geográfica de Ponta Delgada pelo levantamento topográfico realizado, à Câmara Municipal do Nordeste pela cedência de material de construção e equipamentos e aos Serviços Florestais do Nordeste pela cedência de parte da  madeira utilizada para a construção das estruturas.

1 comentário:

  1. Artigo muito interessante com técnicas que potenciam o restabelecimento da flora autóctone e servem de base para a recuperação ecológica desses taludes. É bom ver a Engenharia Biofísica em ação!

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