sábado, 29 de julho de 2017

Priolo Visita Centro Ambiental do Priolo

Nos últimos dias, têm sido observados priolos no Centro Ambiental do Priolo. Estas observações têm suscitado muita curiosidade por parte dos nossos visitantes visto que não é habitual observar priolos nesta área.
O priolo é uma espécie endémica que necessita da Floresta Laurissilva dos Açores para a sua sobrevivência e é aí que encontra o seu alimento e refúgio. Fruto de mais de 10 anos de conservação, temos vindo a assistir a um aumento da sua população e melhoramento do seu estatuto de conservação que hoje em dia é vulnerável.

O priolo tem sido observado a alimentar-se de Hypericum humifusum, uma espécie herbácea muito comum nesta altura do ano no exterior do Centro.

Esperamos continuar a vê-los no Centro e dar oportunidade aos nossos visitantes de o ver.

terça-feira, 25 de julho de 2017

A Cria da Lua-de-mel V já nasceu


No passado dia 18 de julho pelas 13h37 eclodiu a pequena cria de Cagarro Calonectris borealis do casal de Cagarros mais famoso do Mundo que vai na 5ª edição e já teve mais de 94 000 visualizações desde a 1ª edição em 2011, de 71 nacionalidades diferentes. Para continuar a acompanhar o crescimento desta pequena cria até abandonar o ninho no fim de outubro basta ir a cagarro.spea.pt .


Esta é uma parceria entre a SPEA, a Câmara Municipal do Corvo, a MEO e o Governo dos Açores no âmbito da implementação do Plano de Ação do Pós-Projeto LIFE "Ilhas Santuário para as aves marinhas" e pretende dar a conhecer a época de nidificação da ave marinha mais emblemática dos Açores.

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Life+ Terras do Priolo já iniciou a recolha de semente

Para podermos recuperar o habitat do Priolo, a Floresta Laurissilva dos Açores, é muitas vezes necessário reflorestar as áreas intervencionadas pelo Projeto Life+ Terras do Priolo. É com este intuito que produzimos espécies endémicas e nativas da Floresta Laurissilva dos Açores nos viveiros de produção de plantas do projeto.



Assim, durante os meses de verão, quando as plantas nativas começam a florir e a dar sementes, a equipa do projeto inicia a recolha de sementes, primeiro em zonas costeiras, com o bracel-da-rocha (Festuca petraea), depois a urze (Erica azorica) e por último a faia (Myrica faya) e o pau-branco (Picconia azorica). Há, no entanto, muitas outras espécies que não são tão conhecidas do público mas que também são recolhidas, como é o caso da diabelha (Plantago coronopus), o olho-de-mocho (Tolpis azorica), a vidália (Azorina vidalii), entre outras.


Seguidamente, inicia-se a recolha em áreas de maior altitude para espécies como o sargasso (Luzula purpureosplendens), a malfurada (Hypericum foliosum), o azevinho (Ilex azorica), o louro (Laurus azorica) e a uva-da-serra (Vaccinium cylindraceum). Este ano, com o apoio de novos estagiários, efetuaram-se dois dias de recolha que contabilizaram mais de 5 kg de sementes recolhidas. 



Durante os meses de agosto e setembro a recolha vai continuar de modo a não perder produção, com o objetivo de abranger uma diversidade de espécies, mais do que grandes quantidades de poucas espécies.

Atividade SOS invasoras nas Terras do Priolo

No dia 15 de julho 2017 realizou-se uma atividade do Ciência Viva no Verão denominada “SOS invasoras Terras do Priolo”. Esta atividade tem como propósito sensibilizar o público para a problemática das plantas invasoras.


Muitas das plantas que nos rodeiam foram transportadas do seu habitat natural para outros locais pelo que são denominadas plantas exóticas. Algumas destas espécies coexistem com as espécies nativas de forma equilibrada, mas outras há que se desenvolvem muito rapidamente e escapam ao controlo do Homem tornando-se nocivas – estas são designadas espécies invasoras.


Uma planta exótica passa a ser considerada invasora quando produz populações reprodutoras numerosas e separadas da inicial, tanto no espaço como no tempo, autonomamente do grau de perturbação do meio e sem a intervenção direta do Homem. Frequentemente a proliferação destas espécies promove alterações ambientais e/ou prejuízos económicos.


Na atividade SOS invasoras Terras do Priolo, foi usada uma aplicação (http://invasoras.pt/) desenvolvida pela Universidade de Coimbra com objetivo de mapear e localizar plantas invasoras com recurso ao GPS e camara fotográfica presentes em qualquer smartphone.


Realizou-se um pequeno percurso na ZPE Pico da Vara/Ribeira do Guilherme fazendo interpretação da Paisagem e reconhecendo as plantas invasoras.


Esta atividade contou com 4 participantes que se mostraram surpreendidos pelo número de espécies com caracter invasor e pela sua dispersão. No futuro, estes paticipantes esperam continuar a utilizar a aplicação para reportar a localização destas problemáticas espécies.

Existem alguns projetos de gestão e controlo de invasoras a decorrer em Portugal:
•    Projeto BRIGHT – Bussaco´s Recovery from Invasions Generating Habitat Threats
•    Projeto Laurissilva sustentável
•    Projecto Terras do Priolo

Capturado priolo na estação de esforço constante da Cancela do Cinzeiro

O Projeto de Estações de Esforço Constante (PEEC), um projeto de monitorização organizado em conjunto entre o Instituto da Conservação da Natureza e da Floresta (ICNF) e a Associação Portuguesa de Anilhadores de Aves (APAA), que tem por objetivo estimar parâmetros fundamentais para avaliar as tendências populacionais de aves nidificantes (abundância de adultos, produtividade e sobrevivência), através de um esforço constante de captura e anilhagem de aves com redes verticais durante a nidificação.



A SPEA Açores iniciou este ano, com o apoio do Serviço Florestal do Nordeste, uma estação de esforço constante no Parque Florestal da Cancela do Cinzeiro, a primeira estação do PEEC nos arquipélagos portugueses. Nas sessões de anilhagem que se têm realizado, desde março, é frequente capturar melros (Turdus merula), estrelhinhas (Regulus regulus), tentilhões (Fringilla coelebs), piscos-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula), alvéolas-cinzentas (Motacilla cinerea) e toutinegras-de-barrete-preto (Sylvia atricapila). No entanto, no final de maio, foi também capturado um priolo (Pyrrhula murina)! Esta mesma ave, à qual foi atribuída a anilha C85635, foi recapturada em junho na seguinte sessão e a sua estimativa de idade aponta para que tivesse nascido em 2016.

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Nova espécie extinta de passeriforme descoberta na ilha Graciosa

Foi descrita uma espécie extinta de passeriforme nos Açores, Pyrrhula crassa n.sp., tendo por base registos fósseis descobertos na Furna do Calcinhas, uma pequena gruta localizada na Caldeira da ilha Graciosa, Açores. Tanto o crânio como os ossos do seu esqueleto pós-craniano são maiores que aqueles dos seus parentes, o dom-fafe (Pyrrhula pyrrhula), no continente europeu, e o priolo (Pyrrhula murina), na ilha de São Miguel. 



Esta nova espécie é a maior de todas as conhecidas para este género. Segundo os autores desta investigação (https://www.biotaxa.org/Zootaxa/article/view/zootaxa.4282.3.9), a extinção desta espécie, esteve muito provavelmente relacionada com a destruição da floresta laurissilva nos Açores e com a introdução de espécies exóticas durante a colonização do arquipélago, ameaças idênticas àquelas que o priolo enfrenta.

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Confirmada nova colónia para espécie rara na Europa

Durante o trabalho de campo realizado em junho pelos técnicos da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) no ilhéu de Baixo, junto à costa da ilha Graciosa nos Açores, foi confirmada a nidificação de alma-negra (Bulweria bulwerii) naquela que é a colónia mais setentrional desta espécie.

Alma-negra a incubar o ovo
Foto: Rúben Coelho


Foi no âmbito dos trabalhos de investigação sobre a mais pequena ave marinha dos Açores e endémica do arquipélago, o paínho-de-monteiro (Hydrobates monteiroi), que surgiu esta descoberta relativa a outra espécie rara de ave marinha, a alma-negra. Foram identificados 13 ninhos de alma-negra no ilhéu de Baixo, mas apenas quatro eram acessíveis dado que esta pequena ave escava o ninho bem fundo em fendas e buracos. As suspeitas passaram a certezas nesses quatro ninhos, uma vez que estavam ocupados com aves incubando o seu único ovo. A estimativa populacional desta colónia aponta para a existência de cerca de 20 casais reprodutores.

A equipa aguarda agora a eclosão dos ovos, em finais de julho. No final de setembro e início de outubro as crias irão começar um périplo pelo oceano até ao hemisfério sul, regressando à colónia por volta dos três anos. Embora visitem anualmente as colónias desde essa idade, apenas se começarão a reproduzir quando atingirem os sete anos.

Alma-negra
Foto: T.Pipa

Esta evidência enquadra-se na pesquisas desenvolvidas pela SPEA, com o apoio do Parque Natural da Graciosa nos recentes projetos LuMinAves “Contaminação luminosa e conservação dos arquipélagos da Macaronésia reduzindo os efeitos nocivos da luz artificial sobre as populações de aves marinhas” e MISTIC SEAS II “Aplicar medidas coerentes e coordenadas a um nível sub-regional para monitorizar e avaliar a biodiversidade marinha na Macaronésia no 2º ciclo da Diretiva Quadro da Estratégia Marinha (DQEM)”, resultantes da parceria entre várias entidades em três arquipélagos da Macaronésia (Açores, Madeira e Canárias), sendo que nos Açores para além da SPEA participam a Direção Regional dos Assuntos do Mar (DRAM) e o Fundo Regional para a Ciência e a Tecnologia (FRCT). Para além de fomentar a importância dos programas de monitorização implementados no âmbito da DQEM, esta nova colónia dá um novo ímpeto à conservação desta espécie “rara” na Europa, protegida pela Diretiva Aves e Diretiva Habitats, no que respeita à sua pequena e restrita população nos Açores classificada como “Em Perigo” no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal.


Segundo Ricardo Ceia “esta descoberta confirma as suspeitas da existência de outra colónia de alma-negra nos Açores, que até ao momento estava apenas certa no ilhéu da Vila em Santa Maria onde nidificam 50 casais. Aumenta assim a sua área de distribuição, o que para uma população tão pequena e restrita é extremamente importante para a sua conservação, pois caso aconteça alguma coisa à população de Santa Maria, esta colónia na Graciosa será a última esperança para a espécie nos Açores”.

De Alicante para o Corvo


Olá a todos,

Chamo-me Sergio de Tomás Marín e nasci em San Vicente del Raspeig (Alicante, Espanha) em 1986. Em 2010 licenciei-me em Biologia pela Universidade de Alicante, onde fiz também o mestrado em Biodiversidade.


Sérgio de Tomás Marín a recolher sementes de bracel Festuca petraea
Foto: T.Pipa
Escolhi vir para o Corvo através do Programa Eurodisseia  porque o meu trabalho ideal é ao ar livre. Além disso, a ideia de viver num lugar tão especial como é o Corvo, isolado e tradicional, com uma cultura própria, é um desafio muito atraente para mim.

A oportunidade de poder ajudar a conservação da natureza e colaborar na implementação do Plano de Ação do Pós-Projeto LIFE "Ilhas Santuário para as aves marinhas", a minha principal motivação tanto pessoal como profissional, e fazê-lo numa Reserva da Biosfera foi outro factor.

Fico muito contente e grato por poder desfrutar desta experiência única, conhecer a ilha do Corvo e as sua gente e voltar com uma lembrança inesquecível.

Sergio de Tomás Marín