quinta-feira, 22 de abril de 2021

SPEA dá as boas vindas a dois novos técnicos

A SPEA Açores dá as boas vindas a dois novos técnicos: Beatriz Martins, Técnica de Conservação Marinha e a Bruno Márquez, Técnico de Conservação. Estes dois técnicos vêm reforçar a equipa da SPEA Açores, trazendo a sua experiência e vontade de trabalhar em prol da conservação das aves e do seu habitat.


É ao som do piano que apresentamos a nossa mais recente adição à equipa nos Açores...de Fátima a Aveiro, a Trás-os-Montes com passagem pela ilha do Corvo e pelos cagarros corvinos, de Coimbra até Cabo Verde na companhia da cagarra-de-cabo-verde...esta Bióloga encontrou a sua vocação...a conservação das aves marinhas e vem cheia de vontade de conhecer e aprender mais sobre as restantes aves marinhas da Macaronésia! Chama-se Beatriz Martins e podemos dizer que tem música nas veias, não tivesse ela tido formação e talento para o piano qual "Mozart" das aves marinhas com uma voz de rouxinol no meio do som mais metal de cagarros, frulhos, estapagados e painhos...vai dar sinfonia, será?!  Para encontrar esta artista terão que esperar pelas próximas aventuras num ilhéu perto de si, ou numa esplanada no Verão a desfrutar da companhia de pessoal descontraído e como bela tuga que é na companhia dos amigos de verão da maioria dos portugueses, a mini e o tremoço! 


E do Chile, temos o Bruno Márquez, arquiteto de Valparaíso. Atualmente a fazer o Doutoramento em Arquitetura (PDA) na Universidade do Porto, chega à SPEA para dar apoio aos trabalhos de conservação da Floresta Laurissilva como Técnico de Conservação na área de Arquitetura paisagista.

Bruno tem primado por orientar as suas investigações e projetos no sentido de melhor compreender de que forma a arquitetura pode servir como intermediário entre o ser humano e a natureza. Isto é, como o processo de desenho pode incorporar as variáveis do meio ambiente para colaborar com a conservação da biodiversidade, e que os sistemas naturais possam continuar a existir numa relação harmoniosa com o ser humano e a arquitetura. 

Na SPEA, vem trabalhar no projeto LIFE IP Azores Natura, particularmente na requalificação ambiental de um dos trilhos mais emblemáticos da ilha de São Miguel, o trilho de acesso ao ponto mais alto da ilha, o Pico da Vara, localizado na ZPE Pico da Vara/Ribeira do Guilherme. A intervenção a realizar pretende minimizar o impacto das visitas nos habitats naturais, aproveitando o processo para assegurar o restauro ecológico, e ao mesmo tempo, promover possibilidades de habitar este território de maneira sustentável.


A SPEA dá as boas vindas a estes dois novos elementos e o desejo de que o seu trabalho connosco seja repleto de sucesso e aprendizagem.





O oceano é a nossa Terra

No dia 17 de abril, a SPEA realizou uma ação de limpeza atlântica, organizada no âmbito das comemorações do Dia da Terra 2021 – “O Oceano é a Nossa Terra”, com a população da Ilha do Corvo. 

Nesta atividade participaram 15 voluntários, os quais dedicaram uma hora a limpar 8.5kg de resíduos numa extensão de 65 metros lineares. 

Uma pequena parte dos resíduos eram de vidro e o resto plástico, onde destacaram as tampas, materiais de pesca, escovas de dentes, pentes, isqueiros e fragmentos de plástico.


Iniciativas deste género pretendem chamar a atenção para a necessidade de protegermos o meio ambiente, para termos um planeta mais saudável.

SPEA organizou webinar “Quem paira sobre as ondas”

Realizou-se na última terça-feira, 20 de abril, o webinar “Quem paira sobre as ondas” que reuniu técnicos da SPEA dos departamentos marinhos dos Açores, Madeira e continente. Esta iniciativa realizou-se no âmbito da comemoração do Dia da Terra, num conjunto de ações propostas pela Fundação Oceano Azul em parceria com a SPEA e dentro dos projetos Ocealit  e EELabs a decorrer atualmente tanto no arquipélago da Madeira como nos Açores. Teve uma adesão superior ao esperado, e contou com mais de 300 participantes, dispersos por todo o país e na sua maioria turmas de escolas que participaram ativamente. 


Foi então num tom descontraído, que durante uma manhã, se debateram temas como o que encontramos por entre ondas, marés e sobre o mar, com especial atenção para as aves marinhas nidificantes em Portugal. Este é um grupo de especialmente sensível que devido ao seu modo de vida sofre ameaças, tanto em terra como no mar. Neste webinar, falou-se sobre estas ameaças, principalmente, o lixo marinho e a poluição luminosa, dois dos temas de incidência dos projetos Oceanlit e EELbas levados a cabo nos dois arquipélagos.  Nos Açores, apresentaram-se as 10 espécies de aves marinhas nidificantes e entre elas o painho- de- monteiro, escolhido como ave do ano 2021 pela grande necessidade de conservação desta espécie endémica dos Açores.

A SPEA agradece a todos os que assistiram e promete repetir o tema em ações futuras.


Projeto Interreg LuMinAves conclui com estratégia para reduzir a poluição luminosa na Macaronésia

Uma primeira estratégia para reduzir a Poluição Luminosa na Macaronésia é apenas um dos resultados obtidos da implementação do projeto Interreg LuMinAves (2017-2020) nos Açores. Este projeto permitiu, em sinergia com outras iniciativas, atualizar o conhecimento sobre as aves marinhas nos Açores e sensibilizar ainda mais a população sobre este problema que ameaça não apenas os cagarros, mas também outras espécies similares que ocorrem nos Açores: estapagados, frulhos, paínhos e almas-negras.



O projeto  LuMinAves (2017-2020) (Interreg), desenvolvido nos Açores pela Direção Regional dos Assuntos do Mar (DRAM), o Fundo Regional da Ciência e Tecnologia (FRCT) e a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), teve como objetivo reduzir o impacto da poluição luminosa na população de aves marinhas da Macaronésia, através de três ações-chave: a atualização do conhecimento sobre as populações de aves marinhas; a divulgação e melhoria das campanhas de salvamento de juvenis e mitigação da poluição luminosa, através da identificação das zonas críticas; e a definição de uma estratégia comum para a Macaronésia para reduzir este problema no futuro. 

Atualização do conhecimento sobre as aves marinhas nos Açores

A informação disponível sobre o estado de conservação das aves marinhas nos Açores estava bastante desatualizada, sendo que as estimativas de população datavam de 1999. O projeto Interreg LuMinAves, em sinergia com outros projetos, como o Mistic Seas II e o pós-projeto LIFE Ilhas Santuário para as Aves Marinhas, permitiu atualizar esta informação, identificar as principais ameaças a estas espécies e ajudar a DRAM no reporte sobre o estado de conservação destas aves (no âmbito da Diretiva Aves) e doseu Estado Ambiental, no âmbito da Diretiva-Quadro Estratégia Marinha.

Os dados obtidos através da monitorização de várias colónias de aves marinhas pela SPEA e pela DRAM/Serviços de Ambiente e Parques Naturais, identificam várias ameaças a estas aves, onde a predação de crias e ovos por espécies exóticas invasoras, como ratos e gatos, continua sendo a principal ameaça, associada à perturbação humana nos locais de nidificação e às mortes associadas ao efeito das luzes artificiais nestas aves. 

Melhoria das Campanhas de Salvamento de Aves Marinhas

A colaboração na campanha SOS Cagarro, campanha coordenada, na Região Autónoma dos Açores, pela DRAM, com o apoio dos Serviços de Ambiente/Parques Naturais de Ilha, permitiu salvar e registar 17 071 cagarros em todo o arquipélago entre 2017 e 2019, tendo sido dinamizadas brigadas científicas com voluntários, como já é habitual durante a campanha. Além disso, e graças aos trabalhos efetuados pela SPEA, foram salvas cerca de 2424 aves marinhas (entre cagarros, estapagados e frulhos), nas ilhas do Corvo e de São Miguel. Foram realizadas 27 sessões de divulgação com 992 participantes dos quais, no mínimo, 266 de gênero feminino, e 23 atividades de educação ambiental com mais de 396 alunos dos quais, no mínimo, 105 de gênero feminino.

Priorizar as atuações e definir uma estratégia para a Macaronésia

Através da criação de mapas de quedas de cagarros, o FRCT, em conjunto com a DRAM, desenvolveu mapas de risco, que permitem identificar os locais mais críticos, quer pela sua proximidade a colónias, quer pela elevada poluição luminosa. Estes serão os locais prioritários para a implementação de ações de correção da iluminação exterior que permitam reduzir o impacto da luz artificial nas aves marinhas.

Os parceiros do projeto criaram igualmente um Manual de Boas Práticas de Iluminação, que poderá servir de base para a alteração da iluminação pública e para o desenho de projetos com menor impacto nas aves marinhas e definiu uma Estratégia Macaronésica para Reduzir a Poluição Luminosa que identifica as principais ações necessárias ao nível do arquipélago, para o tornar mais seguro para estas aves. Estas ações incluem a continuação das campanhas de salvamento de aves marinhas, alargando-as para outras espécies, e a implementação de medidas concretas para  reduzir a poluição luminosa Sem esquecer a continuação dos esforços para sensibilizar a população e os decisores sobre este problema.

Foram ainda realizadas ações piloto em vários locais, com destaque para a ilha do Corvo, onde em parceria com a Câmara Municipal, foi possível realizar apagões de luzes nos períodos críticos de saída de juvenis de cagarro dos ninhos e escolher os melhores sistemas disponíveis para reduzir a poluição luminosa da Vila do Corvo com a colaboração da Electricidade dos Açores - EDA s.a. 

Durante a campanha SOS Cagarro 2020, foi possível ainda contar com a participação da Câmara Municipal da Madalena, na ilha do Pico e com a Câmara Municipal de Vila Franca do Campo, que efetuaram a redução da iluminação na via pública em locais identificados como pontos críticos de quedas de cagarros . Além disso, todos os anos, a DRAM conta com a colaboração de cerca de 40 entidades públicas e privadas, como Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia, Portos dos Açores, EDA, Aeroportos e aeródromos, entre outras, que efetuam a redução da iluminação em locais identificados como muito iluminados e que poderão ser potencialmente locais de muitas quedas.  

Próximos passos

O desafio que agora se coloca é a tomada de medidasefetivas para reduzir a mortalidade de aves marinhas que é causada pela poluição luminosa, através da promoção da implementação de boas práticas na iluminação exterior, tanto dos municípios como dos estabelecimentos privados.

Neste sentido, está a ser desenvolvido o projeto Interreg EELabs “Laboratórios de Eficiência Energética”, executado pela SPEA nos Açores, que pretende promover a criação de legislação própria para a redução da poluição luminosa ao nível regional e municipal e sobretudo, promover uma melhor iluminação exterior para a conservação da biodiversidade, do céu noturno e da saúde das pessoas.


quinta-feira, 8 de abril de 2021

SPEA planta as primeiras 28.000 espécies nativas no âmbito do LIFE IP Azores Natura

Durante esta primeira época de plantação na nova área de intervenção da SPEA na Mata dos Bispos, foram colocadas no terreno 28.000 plantas nativas dos Açores. A plantação foi realizada com variedade de espécies arbóreas, estruturantes da floresta Laurissilva Húmida, nomeadamente, o louro Laurus azorica, a faia Morella faya, o pau-branco Picconia azorica, a ginja-do-mato Prunus azorica, o sanguinho Frangula azorica, o azevinho Ilex azorica, o tamujo Myrsine retusa, o folhado Viburnum treleasei, o cedro-do-mato Juniperus brevifolia. Foram também colocadas especies arbustivas como a urze Erica azorica e o queiró Calluna vulgaris e herbáceas como o bracel-do-mato Festuca francoi, o patalugo Leontondon rigens e o sargasso Luzula purpureosplendens.


Plantas nativas dos Açores na estufa de sombra do viveiro da SPEA preparadas para a plantação


Esta plantação enquadra-se no processo de restauro ecológico em torno da junção das linhas de água que conformam as nascentes da Ribeira Lomba Grande. Esta zona encontrava-se com um elevado nível de invasão biológica, sendo que praticamente 100% das espécies presentes eram Espécies Exóticas Invasoras.

A intervenção nesta área incluiu numa primeira fase o controlo de espécies exóticas invasoras (principalmente Hedychium gardnerianum, Pittosporum undulatum, Acacia melanoxylon e Clethra arborea) em toda a área, seguindo-se a construção, nas margens e leitos das linhas de água, de estruturas de engenharia biofísica para controlo da erosão e facilitar o processo de recuperação hídrica dos cursos de água.

Margens e leito da linha de água estabilizados com construções biofísicas e com a plantação concluída


Estas estruturas, baseadas no contexto do restauro de rios e ribeiras em Portugal continental, já foram testadas no projeto LIFE+ Terras do Priolo e adaptadas para as características dos solos vulcânicos dos Açores. Este restauro ecológico integral irá permitir não só a recuperação de uma área de alimentação para o Priolo, através da plantação de espécies que lhe servem de alimento, mas também a recuperação dos ciclos hidrológicos naturais da ribeira, incrementando a infiltração e reduzindo a erosão na mesma.

Linha de água restaurada durante o projeto LIFE+ Terras do Priolo


A SPEA iniciou o trabalho no âmbito do projeto LIFE IP Azores Natura em julho de 2019 sendo esta a primeira época de plantação realizada no âmbito deste projeto. Até 2027, data de finalização do projeto, esperamos ter recuperado mais de 100 hectares e plantado um total de 450.000 plantas nativas dos Açores.