quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Priolo em situação mais favorável mas ainda ameaçado

NOVA LISTA VERMELHA da IUCN ALTERA ESTATUTO DO PRIOLO

Foi divulgada a 7 de dezembro, pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), a nova edição da Lista Vermelha mundial, onde estão listadas todas as espécies em perigo no mundo. Numa altura em que a maioria das espécies se encontra cada vez mais ameaçada, o Priolo, ave endémica de São Miguel, viu o seu estatuto revisto favoravelmente, tendo sido classificado como Vulnerável, o mais baixo para espécies em risco de extinção. 




Esta melhoria, resultante de um intenso trabalho de conservação desenvolvido pela SPEA, Governo dos Açores e mais parceiros há mais de 14 anos, não significa que o priolo esteja fora de perigo e é necessário muito trabalho para garantir a sobrevivência desta espécie única dos Açores.

Esta é a segunda revisão em uma década do estatuto desta ave endémica, já que em 2010 - Ano Internacional para a Biodiversidade - passou de Criticamente em Perigo de Extinção, para Em Perigo de Extinção. O Priolo é, assim, um dos poucos exemplos de recuperação, a nível europeu, sendo que lamentavelmente a maioria das espécies que viram o seu estatuto alterado foi para uma situação mais critica.

Esta revisão teve como base os resultados dos censos anuais desta espécie e foi reforçada pelos dados obtidos nas 3 edições do Atlas do Priolo, coordenado pela SPEA em 2008, 2012 e 2016. Estes apontam para uma estabilização da população, atualmente com estimada acima dos 1000 indivíduos (intervalo de erro entre 627-1996 aves, dados de 2016) sendo possível observar flutuações anuais normais para uma população tão pequena e restrita. 

Esta melhoria do estatuto do Priolo é vista pela SPEA como um passo muito positivo para a recuperação de uma ave única dos Açores e o reconhecimento de mais de 14 anos de trabalho, mas é fundamental sublinhar que sem as medidas necessárias de conservação poderemos, em poucos anos, assistir a um retrocesso desta melhoria. O estatuto de Vulnerável é o mais baixo para espécies globalmente ameaçadas e em risco de extinção.

Os vários projetos de conservação implementados na área de distribuição do Priolo, com a contribuição do  "Programa LIFE da Comissão Europeia" e co-financiados pelo Governo dos Açores, permitiram recuperar, através do controlo de espécies de plantas invasoras, cerca de 370 hectares de floresta nativa – Laurissilva dos Açores - em zonas prioritárias para o Priolo integradas na rede europeia Natura 2000 e também do Parque Natural de Ilha de São Miguel. Estes terão sido fundamentais para a recuperação e estabilização da população de Priolo mas também essenciais para outras espécies e habitats prioritários que ai se encontram. 

Ainda assim, as restantes áreas de Laurissilva circundantes (cerca de 1000ha) apresentam, de ano para ano, níveis cada vez maiores de degradação e invasão de espécies exóticas como a conteira e o incenso, entre outras. Mesmo as zonas já recuperadas necessitam de manutenção devido à ameaça constante de reinvasão das espécies exóticas que continuam a surgir e podem reverter o trabalho realizado. 

Apesar dos sucessos e ações desenvolvidas no âmbito do atual LIFE+ Terras do Priolo (que termina em 2018) é essencial garantir a curto e a longo prazo a manutenção das áreas recuperadas, e recuperação de novas áreas que hoje se encontram em grave risco de serem perdidas para as espécies invasoras. 

Segundo Joaquim Teodósio, Coordenador da SPEA Açores, “o trabalho de gestão continuado é essencial para o futuro do Priolo e da maior área de floresta nativa da Ilha de São Miguel.” Este é um desafio que todos juntos, parceiros do projeto, públicos e privados, e a administração regional procuram resolver para o futuro deste património açoriano e mundial.



quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Apresentação do Plano de Ação para o Turismo Sustentável nas Terras do Priolo

No próximo dia 13 de Dezembro, será apresentado o Plano de Ação para o Turismo Sustentável no III Fórum de Renovação da Carta Europeia de Turismo Sustentável das Terras do Priolo que se irá celebrar-se no Centro de Monitorização e Investigação das Furnas com início às 16h.

Após um ano de revisão e redefinição da Estratégia das Terras do Priolo para o desenvolvimento do Turismo Sustentável, que já contou com vários momentos de participação de entidades e particulares do território, o resultado, que foi concretizado num conjunto de ações a serem desenvolvidas nos próximos 5 anos, será apresentado a todos os interessados. 


Este plano de ação conta com contributos e ações da responsabilidade das diferentes entidades parceiras: Direção Regional do Ambiente, Direção Regional do Turismo, Direção Regional dos Recursos Florestais, Câmara Municipal de Nordeste, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Associação de Turismo dos Açores, Associação para o Desenvolvimento Local do Nordeste, Geoparque Açores e Observatório Microbiano dos Açores. 

Com a apresentação e discussão pública de este Plano de Ação, ficará encerrado o processo de renovação do galardão da Carta Europeia de Turismo Sustentável cuja candidatura deverá ser endereçada à Federação EUROPARC até final do ano. Uma vez entregue esta candidatura, o território irá receber uma visita de verificação e previsivelmente o novo galardão será atribuído no final de 2017.

O galardão da Carta Europeia de Turismo Sustentável em Áreas Protegidas é reconhecido internacionalmente e já existem mais de 157 destinos galardoados de 19 países. A atribuição de este galardão reconhece o esforço do território e das instituições para o desenvolvimento de um turismo que permita uma experiencia de qualidade em áreas protegidas, salvaguardando os seus valores naturais e culturais e melhorando a qualidade de vida das comunidades que neles se inserem.

Consulte o evento no FACEBOOK

Projecto Arenaria decorre em dezembro e janeiro

Irá decorrer de 1 dezembro a 31 de janeiro, nos Açores, o Projecto Arenaria. Este projeto, que irá decorrer em todo o país, pretende melhorar o conhecimento acerca da distribuição, abundância e tendências populacionais das aves do litoral marinho português durante o Inverno, com destaque para as aves limícolas.
Este Projecto teve início em 2009/10, através de uma parceria entre a Unidade de Investigação em Eco-Etologia (UIEE/ISPA-Instituto Universitário), o Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa (MUHNAC/UL) e a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), altura em que foi feito o 1.º Censo Nacional de Aves Costeiras Invernantes em Portugal.

À semelhança do que já vem sendo habitual nos Açores, este ano irá ser repetido o Censo Nacional de Aves Costeiras Invernantes, como tal a SPEA volta lançar o apelo à participação neste censo em que a época de campo de 2016/2017 irá decorrer entre 1 de Dezembro de 2016 e 31 de Janeiro de 2017.

Rola-do-mar
Foto: Ana Mendonça
 
Este projecto não implica um trabalho muito exaustivo. Os interessados podem consultar a metodologia e fichas de registo no site do projeto.

Para participar basta efetuar a sua inscrição através do email acores@spea.pt ou através do número de telefone 914 212 449, a fim de pré-definir o seu percurso pedestre pela costa da sua ilha. Diga-nos o percurso que deseja fazer e ajude a saber um pouco mais da distribuição e abundância de aves nas praias e costas de Portugal.

A sua participação é muito importante! Ajude-nos também a divulgar esta iniciativa!

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Painho-de-Monteiro: uma ave endémica das Reservas da Biosfera?


Em Dezembro a temática da educação ambiental centrou-se no painho-de-Monteiro Hydrobates monteiroi, a mais pequena ave marinha dos Açores e endémica desta região. E foi através do jogo "Quem quer ser Monteiroi?" que os alunos da EBSMS e do Jardim de infância "Planeta Azul" ficaram a conhecer esta pequena ave marinha, denominada desde 2008 de painho-de-Monteiro em homenagem ao investigador do DOP o doutor Luís Monteiro, que foi o primeiro a observar as diferenças entre o painho-de-estação-quente (painho-de-Monteiro) e o painho-de-estação-fria (roque-de-castro Hydrobates castro), e que infelizmente faleceu em 1999 num acidente de avião.



Além da morfologia, distribuição, habitat, dieta, ameaças e trabalhos de conservação foi ainda referido o projecto LIFE EuroSAP (2015-2018) que tem o intuito de elaborar o Plano de Acção para a espécie em questão, entre outras, e no qual a SPEA é a parceira portuguesa e entidade responsável pela coordenação deste projecto no que respeita à espécie. Foram ainda referidos os trabalhos que decorreram na ilha das Flores e no Corvo de modo, a tentar confirmar as suspeitas de nidificação da espécie nestas ilhas, tendo sido confirmada na ilha das Flores no verão passado.


Esta foi uma excelente oportunidade para os alunos aprenderem mais sobre a espécie e como podem protegê-la. No final estão todos de parabéns, já que todos, desde o jardim de infância, 1ºciclo, 2º ciclo e 3º ciclo obtiveram excelentes pontuações no jogo, ao acertarem a maioria das respostas, quase sem precisarem da ajuda do nosso amigo frulho Puffinus lherminieri.


No total foram 40 os participantes que certamente conhecem melhor o painho-de-Monteiro.