Açores voltam a apagar luzes para salvar aves marinhas

Pelo quinto ano consecutivo os Açores estão na linha da frente na mitigação da poluição luminosa sobre as aves marinhas a nível mundial. Vários municípios e não só, dão o exemplo: a ilha do Corvo, que realiza um apagão geral da iluminação pública para salvar Cagarros (Calonectris borealis) de 28 de outubro a 2 de novembro, a Lotaçor, os municípios de Vila Franca do Campo e da Povoação, o Faial da Terra, entre outros, que desligam e reduzem a iluminação da orla costeira e portos durante a Campanha SOS Cagarro.

Estas ações são realizadas no período de emancipação dos juvenis de Cagarro, a partir das 21h, para minimizar o impacto da poluição luminosa nos primeiros voos destas aves. Esta medida pretende proteger o grupo de aves mais ameaçado do mundo, minimizar o impacto da poluição luminosa, sensibilizar para a problemática da poluição luminosa e aumentar o conhecimento desta ameaça na população nidificante da ave marinha mais abundante da Macaronésia.

Esta iniciativa da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), em parceria com a Câmara Municipal do Corvo, Câmara Municipal de Vila Franca do Campo, Lotaçor, Município da Povoação e Freguesia do Faial da Terra, foca-se no período de saída das crias de cagarro, de forma minimizar o impacto da poluição luminosa, aumentar o conhecimento disponível sobre o impacto desta ameaça nos juvenis de Cagarro ao abandonar o ninho e nos primeiros dias da sua vida, período sobre o qual há pouca informação. Os juvenis ao abandonarem o ninho em outubro-novembro, têm tendência a serem atraídos pela luz, desorientando-se pelas luzes das nossas vilas e cidades acabando por cair por terra, podendo ser predadas por cães e gatos, perecer por colisão, desidratação e inclusive diminuir a sua probabilidade de atingirem a idade adulta, não só nos Açores, mas também na Madeira e nas Canárias. 

Estas ações estão integradas no Laboratório de Poluição Luminosa instalado na ilha do Corvo e são um exemplo a nível mundial pois minimizam o impacto desta ameaça e aumentam o conhecimento, contribuindo para a implementação da Estratégia Macaronésica para a mitigação de uma das ameaças prioritárias para as aves marinhas na região. Elas são ainda, particularmente relevantes para uma conservação integrada onde o poder local e os seus cidadãos atuam na prevenção e contribuem ativamente para a implementação da mais emblemática Campanha de conservação e sensibilização ambiental, a Campanha SOS Cagarro, coordenada pela Direção Regional das Políticas Marítimas, assim como, incrementam a aplicação dos vários projetos de conservação de aves marinhas a decorrer nos Açores, nomeadamente, LIFE Natura@night, LIFE IP Azores Natura, EELABs.

A SPEA e os seus parceiros esperam assim contribuir para a aplicação de medidas de conservação e mitigação da poluição luminosa, assim como, aumentar o conhecimento disponível, potenciando a sobrevivência destas aves a longo-prazo.

“Salve um Cagarro. Faça um Amigo!”