O Projeto LIFE IP AZORES NATURA está a monitorizar, avaliar e proteger aves marinhas desde 2020 no Ilhéu da Vila (Sta. Maria), Ilhéu da Praia e ilhéu de Baixo (Graciosa) e ilhéu do Topo (São Jorge).
Nos últimos 4 anos uma equipa integrada (SPEA, Direção Regional das Políticas Marítimas, Direção Regional do Ambiente e Alterações Climáticas e Parques Naturais de ilha) com experiência na monitorização e conservação das aves marinhas implementaram a metodologia definida (MSII Consortium, 2018) no relatório base para a avaliação do Bom Estado Ambiental das águas da Macaronésia, com as aves marinhas como sentinelas do oceano (Macaronesian Roof Report).
Esta foi adaptada e integrada nos Planos Operacionais do projeto monitorizando e avaliando o estado das populações de 5 espécies de Procellariiformes: roque-de-castro Hydrobates castro, frulho Puffinus lherminieri, painho-de-Monteiro Hydrobates Monteiroi, alma-negra Bulweria bulwerii e cagarro Calonectris borealis.
Frulho no ilhéu da Praia |
A avaliação das populações é realizada seguindo os critérios da Diretiva Quadro Estratégia Marinha, nomeadamente a abundância (parâmetros: contagem de ninhos BP (breeding pairs, casais reprodutores) e monitorização acústica passiva com recurso a unidades de gravação autónomas, ARUs para as espécies de painhos, em BP) e de demografia (parâmetro: sucesso reprodutor BS (%), ou taxa de ocupação TO (%) (alma-negra no ilhéu de Baixo) e taxa de sobrevivência SR (%)). No mínimo e sempre que possível foram realizadas 3 monitorizações por espécie em cada colónia para avaliar estes parâmetros.
No total foram realizadas 94 monitorizações (35 monitorizações direcionadas ao cagarro, 19 para a alma-negra, 13 para o frulho, 10 para o roque-de-castro e 17 para o painho-de-Monteiro) em vez das 118 previstas, em virtude das condições climatéricas adversas.
Rita Câmara (Parque Natural de Santa Maria) a monitorizar colónia de frulho no ilhéu da Vila |
A avaliação dos Procellariiformes enquadra sempre que possível os valores de referência históricos e a informação disponível anterior ao período do projeto, de forma, a obter tendências populacionais e permitir uma avaliação das espécies por colónia.
No ilhéu da Vila os resultados foram: alma-negra (72 BP, 52 BS), frulho (23 BP, 57 BS), roque-de-castro (49 BP, 257BP monitorização acústica passiva) e cagarro (105 BP, 66 BS).
No ilhéu da Praia são: painho-de-Monteiro (67 BP, 112 BP monitorização acústica passiva, 42 BS e 86 SR), frulho (17 BP, 49 BS), roque-de-castro (121 BP, 276 BP monitorização acústica passiva e 47 BS) e cagarro (62 BP, 76 BS).
No ilhéu de Baixo são: painho-de-Monteiro (135 BP monitorização acústica passiva e 79 SR), roque-de-castro (300 BP monitorização acústica passiva), alma-negra (17BP, 74 taxa de ocupação TO, 76 SR) e cagarro (61 BP e 61 BS).
No caso do ilhéu do Topo foram 3 realizadas prospeções com confirmação da nidificação de painho-de-Monteiro e indentificação de 2 ninhos, a população foi estimada em 9 BP através da monitorização acústica passiva.
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Confirmação nidificação painho-de-Monteiro (anilhagem) no ilhéu do Topo |
Uma vez que a taxa de sobrevivência depende do esforço de Captura-marcação-recaptura, não foi possível determinar este parâmetro para a maioria das espécies, dadas as condições climatéricas adversas que limitaram o acesso aos ilhéus, o que será facilitado nos próximos anos, uma vez que durante os últimos 4 anos todas as equipas técnicas dos Parques Naturais foram capacitadas no terreno, no total 232h de formação prática, permitindo assim aumentar o número de equipas de pessoas com valências para monitorizar e manusear as aves marinhas em questão, potenciando assim, a implementação da monitorização e a avaliação a longo-prazo destas espécies prioritárias para a região.
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Capacitação da vigilante da Natureza Joana Lourenço em anilhagem com redes verticais no ilhéu de Baixo |
Para terminar, foram 4 anos de desafios e aventuras entre as aves marinhas, onde o esforço conjunto desta equipa maravilha contribuiu para a implementação da monitorização uniforme que permitiu avaliar o estado das populações de Procellariiformes.
Este é o primeiro grande passo para colmatar as lacunas de informação e garantir (nas próximas fases do projeto) assim a avaliação destas espécies a longo-prazo e no futuro integrar metodologias complementares autónomas com as tradicionais possibilitando a avaliação do estado das aves marinhas mesmo quando há "Mau Tempo no Canal", Vento Encanado ou Mar Marafado.
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Parte da equipa técnica das aves marinhas em trabalhos no ilhéu do Topo Foto: Beatriz Martins |
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