Teste de madeiras autóctones para requalificação de trilho pedestre em área da Rede Natura 2000

No âmbito do projeto LIFE IP Azores Natura, estão a ser avaliadas as potencialidades e as formas de tratamento de madeiras autóctones para a construção de infra-estruturas no trilho pedestre Graminhais-Pico da Vara. 

O objetivo das obras de requalificação deste trilho é mitigar os impactos do turismo na área natural em que este se insere, nomeadamente zonas de turfeiras e de cumeadas. As madeiras autóctones de Cryptomeria japonica e de Acacia melanoxylon que foram extraídas das áreas de intervenção da SPEA que estão a ser alvo de restauro ecológico. 

Estas estão a ser testadas a partir de um protocolo criado para analisar a melhor forma de tratamento e em quais estruturas tais madeiras podem ser utilizadas (ex. corrimões, sinalética e piso). O reaproveitamento desta madeira implica a redução dos custos desta ação e também a diminuição da pegada de carbono, evitando o transporte de madeira de fora da Região.

O protocolo de tratamento da madeira teve início com a escolha dos produtos para preservação da madeira, onde foram excluídos óleos e tintas que apresentam toxicidade a organismos aquáticos, uma vez que o trilho Graminhais-Pico da Vara atravessa uma zona húmida. Após a escolha dos produtos, estes foram aplicados e combinados com técnicas complementares e não tóxicas de preservação (queima superficial da madeira). Um total de 356 peças de madeira de 4 x 4 x 2,5 cm (C x L x A), previamente identificadas individualmente, foram pesadas antes e após o tratamento numa balança de precisão para verificar a retenção dos produtos. Após o teste de retenção dos produtos, as amostras foram preparadas para a etapa de exposição às intempéries (exposição a raios UV, variação de temperatura, humidade e agentes biológicos) sendo posicionadas, portanto, no Planalto dos Graminhais. O teste de exposição durará um ano e, posteriormente, as amostras serão secas, pesadas e será feita a avaliação referente às suas condições.

As amostras foram posicionadas junto de uma das estações de monitorização localizadas nos Graminhais. Desta forma, será possível saber o regime de chuvas, a variação de temperatura e períodos de inundação a que as amostras foram submetidas. 

Com este teste espera-se elaborar um protocolo para avaliação de madeiras (podendo ser adicionado mais produtos ou métodos de preservação no teste) e verificar qual é o melhor tratamento e a melhor madeira autóctone para a criação de infra-estruturas de trilhos pedestres em zonas húmidas nos Açores.